sexta-feira, novembro 26

Saudacoes vindas do norte

(eu nao sabia mesmo como comecar... to meio sem inspiracao :p)

Queria contar pra voces as novidades da semana.
Tive uma semana super corrida, mas bem produtiva. Consegui resolver em três dias o que achei que seria complicado: as questoes burocráticas para o meu trabalho. Agora já tenho o visto definitivo (validade de 1 ano), a permissao de trabalho (meio-expediente e férias) e o papelzinho lá pros impostos que temos que pagar. Tudo resolvido. Passei as manhas de terca, quarta e quinta inteiras em filas de reparticoes públicas, mas valeu a pena, né? :)

Vai ficando cada dia mais frio aqui, mas confesso quase nao me incomodar mais. Aprendi a me aquecer bem, e como a cabeca tá em tantas outras coisas, o frio fica lá fora. Agora isso em dias abertos, quando tem luz e fica tudo sequinho e bonitinho. Em dias cinzentos o ar fica muito úmido e aí é um pouco mais difícil. Hoje cheguei cedinho na universidade, e os passarinhos estavam andando em cima da água do laguinho, superficialmente congelada :) Tivemos -3° hj pela manha. Durante o dia teremos por volta de +3°. Mas estou sobrevivendo bem (luvas, 4 blusas - duas grossas, três meias, calca jeans por cima de calca de flanela e casacao por cima de tudo).

Este fim de semana estou perambulante - vou mochilar em Hamburgo. Como tem várias programacoes com o pessoal da igreja, vou ficar por aqui o fim de semana todo. Hoje, como toda sexta, é o encontro de jovens, e como toda última sexta do mês, eles dormem na igreja. Amanha tem ensaio da bandinha deles de manha, e no fim da tarde vamos pra um show numa outra cidade aqui perto. Domingo tem culto e almoco pra comemorar o 1o. domingo do advento.

Hoje às 4h vou também encontrar com um possível parceiro de Tandem (tandem é quando duas pessoas se encontram pra uma troca: um ensina seu idioma para o outro). Coloquei o cartazinho e duas horas depois ele já me ligou, marcamos de nos conhecer hoje às 4h. Vamos ver se dá certo :) To precisando mesmo de ajuda com o alemao... af.

Além disso, quarta almocei com Sabina, uma doutoranda aqui que tá trabalhando sobre mulheres brasileiras que moram na alemanha. Ela é bem legal. Conheci através dela uma outra alema q tá morando no Brasil, fazendo doutorado em Florianópolis!!! Ela mora na ilha, na parte sul, e diz que nao quer voltar pra cá nem tao cedo! Heheheheh! Também pudera :)

Estou na contagem regressiva para a mudanca, que deve comecar terca-feira. Se eu sumir uns dias, é porque to no corre-corre. Mas logo logo conto todas as novidades :)

Beijooooooos!

ps: visitem meu fotolog! Amanda tá fazendo um bom trabalho por lá :)

quarta-feira, novembro 24

:)

Um dia sem usar a internet (ontem) e jah tava morrendo de saudade. Por isso, quero fazer uma reclamacao oficial às pessoas que nao andam me escrevendo. Aí vai o ranking dos farrapeiros:
Renata Collier
Júlia Maia
Joao Neto
Daienne Machado
ora ora, quem diria, vocês, viu? :p

Estou essa semana correndo atrás da papaelada de visto e permissao de trabalho e tal e tal. É um saco, tudo demora pra caramba. Hoje perdi aula, mas em compensacao peguei o meu visto definitivo, válido até 16 de setembro do ano que vem, que é o dia da minha passagem de voltaaa :) Amanha vou ter q perder aula tb, pra ir pra secretaria do trabalho conseguir a permissao. Por isso, tb nao estarei por aqui. Espero na sexta conseguir acessar, e seria legal se alguns dos farrapeiros se redimissem :p Estou um pouco carente, na verdade. Que bom que tem pessoas como Fred e Talinha no mundo :)
Bem, meu tempo está acabando.
Beijos!!

segunda-feira, novembro 22

ultimas do fim de semana

Schnee!
O fim de semana foi legal, com direito a uma belíssima paisagem: tudo branquinho branquinho de neve! :) Pra uma cidade onde raramente neva, até que nao foi mal. A semana passou voando no calor das novidades que vocês já sabem. Daí sexta-feira fui para a reuniao de jovens na igreja (como acho que serao todas as sextas :p). Foi bem legal, conheci melhor as pessoas, cantamos, conversamos, jogamos totó... fui dormir uma hora da manha, na casa de Hanno, que é do lado da igreja. Uma coisa estranha aconteceu: no comecinho da reuniao, enquanto esperávamos todo mundo chegar, colocaram música ambiente e adivinhem o que era: aquele primeiro cd de Jars of Clay, que tem Love Song for a Saviour!! Heheheh! Coincidencia danada! Eu fiquei lá no sofá pensando „é mais um recado que é pra eu estar aqui mesmo“, e fiquei saboreando as músicas. Fazia tempo que nao ouvia. No sábado cedo, dei uma volta na vizinhanca, comprei um pao e fui para a casa de Frauke, uma das meninas da mocidade, tomar café da manha com ela e uma outra amiga. Conversamos bastante, contei pra ela como era estranha a experiencia de voltar a conviver com um grupo de jovens evangélicos, a sensacao de pertencer e de nao pertencer ao mesmo tempo... mas nao dá direito pra explicar. Quem sabe um dia eu escreva mais detalhadamente sobre isso aqui. De qualquer forma, o café foi uma delícia. A volta pra Buchholz é que foi uma aventura. Tinha combinado com Harald de o encontrar na escola, porque ele ia estar lá excepcionalmente no sábado, mas isso nao funcionou. Esperei entao uma hora pelo ônibus, peguei o ônibus, dormi no ônibus, acordei uma parada depois da certa e voltei andando. A sorte é que tinha parado de nevar, mas estava tudo coberto de neve. Voltei feliz da vida olhando a paisagem, achando lindo lindo lindo. Andei uns quarenta e cinco minutos até em casa, olhando os campos cobertos de neve. Hoje de manha estávamos de novo na igeja, já conheco o pessoal e me sinto mais a vontade. Quanto à neve, ainda está lá, mas nao deve durar muito tempo. E também nao deve nevar mais muito, talvez mais um pouco esporadicamente.


Cursos* de alemao
Passei a tarde trancada no quarto escrevendo. Estou me esforcando pra os cursos de alemao como língua estrangeira. Eles sao dois: um toda segunda e quinta, sobre gramática corretiva e linguagem academica, mas que na verdade é uma coisa bem Pasquale – curiosidades da língua – nao tao produtivo assim,o professor é bem estrela também; o outro é toda quarta, sobre exercícios de escrita, em que temos uma professora mais sistemática, que passa uns exercícios legais de gramática, faz ditados, lê textos pra gente fazer anotacoes e depois escrever outro texto com base nas anotacoes, uns exercícios legais. Só que o bom do primeiro curso é que o professor, apesar de durante a aula ser mais engracado do que exatamente eficiente, se propos a corrigir nossos textos e devolvê-lo comentado, caso quiséssemos escrever. Por isso, estou escrevendo um texto toda semana.
O primeiro nao chegou a ter nem uma página, ficou horrível de podre, mas entreguei de qualquer jeito – tinha que comecar! O segundo já teve uma página e meia, foi bem lezinho, bem terceira série; escrevi sobre o velho cliche „por que Alemanha, como aprendi alemao, como vim parar aqui“. Depois decidi escrever a história de Chihiro, como eu me lembro. Aí semana passada entreguei a primeira metade da história, que já ficou muito longa: quatro páginas! Por gostar tanto da história, e por narracao nao ser tao difícil, e por ter o dicionário do lado, o texto até que fluiu, vamos ver o estado quando eu o receber corrigido.
O desta semana é a segunda metade da história, que ficou com seis páginas! (Calma, 4 páginas e 6 páginas é com espaco 1,5 e margem recuada pra o prof fazer as correcoes). Escrevi tudo hoje e vou nos próximos dias reler e reler, conferir e corrigir o que conseguir, comparar com as correcoes que ele fez na pimeira metade. Semana que vem é a minha mudanca (uhuhuuuuu) e nao sei se vou conseguir escrever, mas queria que o próximo trabalho fosse meio que uma análise da história de Chihiro, uma coisa mais psicológica, pq aih seria um texto mais argumentativo, um passinho além das historinhas que estou contando.
Além disso, faco as tarefas de casa que a outra professora passa, e tento ler alguns textos do terceiro e último curso que estou fazendo, um seminário introdutório em Teologia, sobre o Bem e o Mal nas religioes. Até agora, só li dois textos, porque preciso de várias tardes trabalhando em cada um pra poder entender alguma coisa :p hehehehe. Poizeh poizeh, nao é moleza, mas devagarzinho a gente chega lá.

(*quando digo cursos, entendam cadeiras ou disciplinas na universidade... é que aqui se fala Kurse, aih eu acabo incorporando.)


Celular
Semana passada recebi o celular que Sonja providenciou pra mim. Já me inscrevi naquele site pra enviar mensagem pela internet, aquele do MSN mesmo. Ainda nao sei como é que funciona, mas vejamos :)

Semana de Acao pelos Direitos dos Animais

Na próxima semana, de 29.11 a 04.12, a Universidade de Hamburgoserá palco da Semana de Acao pelos Direitos dosAnimais, promovida pelo Diretório Central dos Estudantes, em parceria com a Acao pelos Direitos Animais no Norte da Alemanha. A programacao será aberta com a palestra de título Por que Direitos dos Animais e Vegetarianismo? Como a ideologia da superioridade da espécie constrói a realidade. A Semana contará ainda com outras palestras, um workshop de alimentacao vegetariana e a oferta diária de um cardápio vegetariano em todos os refeitórios da Uni.
A divulgacao do evento está sendo feita, dentre outros meios, através de um panfleto de nada menos que oito faces, com excelente programacao visual, colorido e de altíssima qualidade. Maiores informacoes nos enderecos www.asta.uni-hamburg.de e www.tierrechts-aktion-nord.de.

sexta-feira, novembro 19

Palavras de mae

Passei nove meses com você guardada dentro de mim...vivendo dentro de mim...compartilhando cada momento da minha vida... até que chegou um momento em que nao dava mais... ficou complicado pra mim e pra você... ficou desconfortavel pra nós duas ... continuar assim seria nossa morte. Chegou a hora de vivermos nossa primeira separaçao!!!!! Tivemos pessoas a nos acompanhar nesse momento... seu pai... seus tios Valdeci, Adriano, Nida, Lindacy, Beth.... todos nos ajudando neste momento tao importante para nós duas!!!!

Depois veio o momento de sair de casa... um ano depois... precisávamos nos separar um pouco mais... você precisava viver um pouco mais distante de mim... hora de ir para a escolinha... aprender a comer comida gostosa... deixar o peito... conhecer pessoas novas... ter novos companheiros... estava complicado de novo ficarmos juntas em casa o tempo todo!!!! Novamente... tivemos a dona da escolinha, as babás, a professora... pessoas que nos apoiaram nesse momento!!!

Assim continuou a vida... novas formas de separaçao... de corpo... de ideias... de modo de ver a vida... de experiências... eu tendo as minhas.... você tendo as suas... e nós compartilhando sempre que dava... pequenas viagens... pequenas separaçoes... hoje pequenas para mim, mas na época, muito grandes! Dois meses sem Carol (viagem para os EUA)!!!! Um mês eu longe de tudo e todos!!! ( acho que fou o maior mês de toda sua vida, quando fui para a Índia!!!!)

Agora... vários meses. Chegou a hora de vc ficar adulta. Assumir um pouco mais sua vida!!!! Crescer!!!! É para isso que você está ai... novamente temos o apoio de pessoas especiais... tia Lala, tia Beth, tia Carminha, minha mae.... Todas parteiras neste novo momento!!!! torcendo por seu novo vôo!!! Todas nós colocando em você um pouco dos nossos sonhos de mulher!!!! Meu amor... você nao está ai apenas para aprender alemao... você está ai para aprender a ser adulta... cuidar de você... nao sozinha... nao... ninguém está sozinha, completamente, neste mundo... Temos os nossos "anjos"... anjos de verdade, que podemos tocar, abraçar, beijar!!! Mas é a hora de dar mais um salto!!! Essa nova oportunidade que você esta recebendo é linda... definitiva... um degrau que temos que subir...

Sei que dá medo de cair... lembro quando você, pequenina, subia em algo e fazia isso confiando que a gente estava cuidando de você... que nada iria acontecer. Mas depois, você ja subia sem ninguém precisar estar por perto... já sentia segurança em subir... brincar no alto!!! Queria lhe dizer que agora , mais uma vez, você está subindo... e que, neste momento, você tem pessoas ao seu redor... cuidando de você... eu...seu pai... tia Carminha.. .sua vó... tia Beth... tia Lala, estamos aqui... cuidando de você... para que você se sinta segura de ficar nessa nova altura... estamos embaixo... olhando admiradas a sua força e coragem... você vai conseguir!!! você vai subir mais alto... vai ficar maior... mais madura... pode confiar!!!! cuidaremos de você para que nao se machuque.. e se se machucar, também cuidaremos de você... sempre cuidamos. Lembra dos machucados, das quedas que cuidamos!!??? Algumas deixaram cicatrizes... mas sararam... e elas devem trazer à sua lembrança nao só a dor, mas principalmente o cuidado que teve... a certeza de que você nao está sozinha.
Siga em frente, meu amor!!! Pode dar mais um passo, ou vários passos nessa linda escada da vida!!! estamos aqui... amamos você!!!

Veja que em momento nenhum me referi a Deus... porque nao vi necessidade de coloca-lo... já que Ele está a todo momento nesta historia toda... cada fase teve seus anjos... alguns passaram mais tempo junto de você... outros tiveram passagens rápidas, mas marcantes... mas Deus... é a constante antes de tudo e depois de tudo... presença sentida... nao está no mundo da razão, da emoçao, do desejo... esta por que está...profundamente marcante em nossas vidas. Profundamente revelando-se em nosso caminho, mais forte do que a Sarça ardente, falndo mais alto do que no deserto!!! Presença marcante!!!! Sabemos disso... sentimos isso!!!!
VÁ EM FRENTE MEU AMOR!!! ESTAMOS AQUI!!!
beijos de sua mae

quarta-feira, novembro 17

ui ui ui! morar sozinha... trabalhar...

Tenho uma novidade um pouco bombástica! Pelo menos pra mim ela foi! Está acontecendo tudo muito antes do que eu esperava, mas bem, tem que se dancar conforme a música.

Recebi há quase duas semanas uma carta do Studentenwerk (servico de apoio aos estudantes) me dizendo que eu tinha um quarto numa das casas de estudantes aqui na cidade. O quarto é pequenininho, num corredor com vários outros quartos, numa casa de estudantes. O pessoal de cada corredor divide uma cozinha. Na casa tem ainda uma sala de estudos, uma lavanderia, uma sala de estar pra todo mundo, essas coisas. Estive lá, é meio tristinho, parece um retiro militar, tudo quadrado :p Mas quando se está lá, deve-se ser bem mais vivo do que parece. O quarto é mobiliado, e se paga um alugel fixo já com tudo incluido. É a possibilidade mais barata de um estudante morar só aqui. Para ficar com o quarto, teria que preencher os formulários e assinar o contrato e entregar tudo no escritório deles até sexta-feira dia 12/11. Me mudaria entao a partir do dia 01.12. Enfim, recebi a carta, fiquei surpresa mas deixei pra lá ("nah, nao dah pra fazer isso agora").

Segunda-feira, depois de já passado o prazo, é que comentei com Sonja (quem fez a solicitacao do quarto pra mim) sobre a carta e o quarto, e disse a ela que nao dava pra fazer. Ela comecou a me encher de perguntas ruminando na cabecinha dela (muito mais hábil que a minha; me lembrou um pouco a Daienne) se nao dava mesmo pra ir pra lá. Ela me lembrou que é em dezembro que recebo o pagamento do meu trabalho agora, e que com esse dinheiro eu podia ficar lá pelo menos um tempo até encontrar outro trabalho (que eu preciso comecar a procurar agorinha mesmo). Além disso, ela me explicou que esses quartos sao muito muito muito difíceis de conseguir, as filas de espera sao muito longas, era praticamente um milagre eu ter recebido esse quarto e se eu nao ficasse com ele, provavelmente eu voltaria para o fim da lista e talvez nao conseguisse outro quarto antes do fim do meu intercâmbio. Me senti absurdamente mal, e nem comentei com ela "sabe o que é que é... é que agora eu já perdi o prazo". Me senti mal, dormi mal, acordei mal na terca, muito incomodada com a história toda. Pouco antes da minha aula, já em Hamburgo, é que decidi ligar pra o escritório do Studentenwerk só pra ver se ainda tinha alguma chance. "Aqui é Alemanha; o prazo era sexta-feira; na verdade, eles até pediam pra ligar antes avisando da decisao; hoje já é terca-feira... Hum, com que cara eu vou perguntar pra mulher se ainda tem possibilidade? Aaaaaargh, vou ligar de uma vez, dizer que perdi o prazo mas que queria saber se ainda tem possibilidade. É. É isso que vou fazer! Nao custa nada! (na verdade, orelhao aqui é muito caro! mas enfim)". Liguei, um cara muito chato, sem paciencia e com um alemao enrolado atendeu e me mandou ligar pra outra pessoa. Liguei pra outra pessoa e, TCHANAAAAAN, ainda tinha possibilidade!! Ela ia mandar a carta pra outro estudante ontem de tarde, e como eu liguei de manha, ela me mandou chegar lá no escritório até o meio dia com o contrato! Fui correndo pro escritório encontrar com ela. Chegando lá, como se nao bastasse, ainda consegui que ela me desse um tempo pra pensar e decidir - até hoje (quarta) de manha!!! Hehehehehe Milagres acontecem mesmo na minha vida, minha gente :)

Enfim. Agora era dicidir. Aaargh, se dormi mal com o peso na consciencia, agora o peso de ter que decidir o que fazer era ainda pior e minha cabeca comecou a doer. Voltei pra aula, assisti a aula, mas mal consegui me concentrar. Como é que eu ia decidir entre ficar na casa dos Frey ou ir pra esse quarto? Quais eram minhas reais possibilidades, quais os prós e contras - tanta coisa pra pesar, medir, pensar! (MANHEEEEEEEEEEEE - eu gritava por dentro, e outra voz respondia - é, ela noa tá por perto.. voce nao queria andar com as próprias pernas? pois bem, voce tem que decidir).

Liguei pra Hannelore e avisei que nao ia voltar pra casa com Harald, ia voltar depois, de ônibus. Peguei o metrô até a casa de estudantes em que poderia morar. Kiwitsmoor é o nome da casa, o nome da rua e o nome da estacao do metrô. É bem ao norte da universidade, um pouco afastada, 30 min de metrô. Demoraram uma eternidade (pareceu muito mais do que a uma hora que gasto todos os dias pra vir de Buchholz pra cá). Ao chegar lá, argh, achei, como já disse, quadradao e sem graca. A porta de uma das casas estava aberta e consegui entrar. Corredores vazios, eco, portas enfileiradas de cada lado. Saí, dei uma volta nas casas, espiei pelas janelas com cortinas abertas. Desejei encontrar alguém pra conversar. Nem sinal de vida. Ouvia alguams vozes vinda dos quartos e queria gritar "ei, voces aí", mas gritava só por dentro. Depois de ver que nao conseguiria olhar mais do que isso, fui andando em direcao à estacao pra voltar pra casa. Foi quando uma menina saiu de uma das casas também em direcao a estacao. Me aproximei e falei com ela. Lisa. Vinha do sul da Alemanha e estava em Hamburgo há dois meses. Me contou que a distancia da universidade nao atrapalhava, que ela vinha de uma cidade pequena entao gostava muito da tranquilidade do bairro.. conversamos bastante, a enchi de perguntas e ela ficou feliz em ajudar. E eu fiquei muito feliz por tê-la encontrado! :)

Ao chegar em casa, já no comeco da noite, ainda nao sabia o que fazer. Conversei muito com Hannelore. Ponderamos. Liguei pra mainha, ela nao tava. Falei com Dona Irene rapidinho, e ela me disse: "Ana, se voce puder pagar, nao pense meia vez! Vá-se embora pra um lugar sozinha!". O conselho espontaneo dela foi um peso grande na balanca. Katharina tasmbém nao conseguiu entender porque é que eu ainda estava pensando. "Eu espero a muito tempo por esse quarto e nunca consigo, por isso tenho que pagar um apartamento normal, que é bem mais caro!". Mas é que na casa dos Frey é tudo bem mais fácil, tentei explicar pra ela! Meu coracao já pendia mais pro lado do quarto, mas eu nao queria dar o passo maior do que a perna.

Só depois de mais duas horas é que consegui falar com Mainha. Depois que ela me garantiu que daria um jeito pra me dar cobertura financeira, minha decisao estava tomada. O quarto nao era tao aconchegante quando a casa dos Frey, lá nao tem ninguém por mim, nao tem a presenca constante deles (apesar de que ainda contarei com eles, vou ficar com eles no Natal e tal), mas enfim, como diz a vozinha na minha cabeca: "e voce nao quer andar com as próprias pernas? Entao!"
Aí eu respondo: "e que minhas pernas ainda sao fraquinhas, tem que ir devagar pra nao quebrar! tenho que encontrar um outro trabalho agora e trabalhar muito muito e fazer feira e pagar aluguel e aiaiaiai"

Hehehehehhe

Resumo: em dezembro estarei me mudando pra morar sozinha pela primeira vez em toda a minha longa existência de quase vinte anos :)



E pra quem ainda nao acredita em milagres, pra quem todos os milagres que eu conto aqui nao sao suficientes, aí vai mais um:
Hoje, pouco depois de ter fechado o contrato, encontrei por acaso no meio da rua com o Prof. Eichner, o coordenador do convênio e meu empregador. Ele estava com uma estudante que acabou de voltar de portugal, nos apresentou e trocamos telefones. Aí ele me disse: "Carol, estive pensando, acho melhor nós trocarmos o modelo do seu contrato para o de Auxiliar Estudantil".

---> meu contrato é um contrato de obra. tem data de início e de término, um trabalho que preciso realizar e no fim recebo o dinheiro, e pronto. O contrato de Auxiliar Estudantil é um contrato tipo emprego mesmo, trabalho tantas horas por mês, recebo tanto todo mês e nao tem data de término nao!

A pessoa só pode morrer do coracao com um presente desses!
Séeeeeeeeeerio, Professor? Mas que notícia maravilhosa! Eu queria até lhe escrever um email contando a novidade de que recebi um quarto do Studentenwerk e estarei me mudando pra lá em dezembro; e com esse outro contrato seria bem melhor mesmo pra mim!"
"É! Que bom, entao! E em qual casa você recebeu o quarto?"
"Ah... é um pouco longe daqui, em Kiwitsmoor."
"Kiwitsmoor? Ah!! Nao é longe nao!!! E é a cinco minutos da minha casa!!"

Heheheheh! E minha vida nao é novela, nao. É de verdade! Eu, como vocês, fico esperando os próximos capítulos.

E quem tá orando por mim, pode continuar que tá funcionando :) Obrigado!!! :)

Um mês

Só quatro semanas... é tao pouco tempo
Sinto que estou como quem entra numa piscina gelada,
devagarinho, entra um pedaco, espera acostumar, mais um pouquinho
e agora talvez só falte a cabeca
ainda nao mergulhei, mas as pontas dos cabelos já comecam a se molhar
se ficar metade fora metade dentro o frio nunca passa, né? Entao daqui a pouco vou mergulhar e me soltar, nadar um pouco, brincar na água, dar cambalhotas. Daqui a pouco, só mais uns instantes pra preparacao psicologica. Repasso na mente como é quentinho lá fora, mas decido nao mais olhar para lá. Só mais uns instantes, jajá mergulho.

Enquanto isso, meu corpo de acostuma, pele, olhos, ouvidos, língua, tudo vai se preenchendo, aos poucos, cada dia um pouco mais.

Ontem falei longamente com Sonja ao telefone - em alemao. Hoje escrevi um texto de uma página inteira baseado em outro texto ditado na minha aula de alemao, em quinze minutos. Estou contando a história de Chihiro para meu outro professor de alemao, em um texto que já tem duas páginas. E assim vou me deixando preencher. Nao espero escrever certo nem bem, só escrevo; nao espero entender tudo perfeito, só entendo; nao espero falar tudo sem erros, só falo; e vou em frente, um dia após o outro, sem esperar de mim nada mais do que tenho, nem de fora de mim nada mais do que podem me dar. Em dias difíceis (tive alguns, voces sabem) tive certeza de que nao vou conseguir. Mas a cada dia seguinte, quando percebo que tudo de um jeito ou de outro se resolve, me torno um pouco mais forte, até que outra dificuldade maior chegue, e seja vencida, e eu cresca um pouquinho mais.

Tem sido assim, sinto que será assim até o fim, e é por isso, por perceber isso, que declaro: estou prestes a mergulhar.

Trofeu Correios

Ebaaaaaaaaa!!!
Convido ao subir ao pódium junto de Júlia
Harim Britto Lyra Neto!!!

Recebi ontem a cartinha linda, com a foto que tanto desejei e já está na minha parede,
num lugar especial :)
Obrigada, meu lindo! Obrigada :*

Fim de semana cheio

Por fora, pessoas, lugares, músicas; por dentro tempestades e calmarias.
Foi a mae de Hille quem quase me empurrou porta afora. Ao meu menos sinal de interesse pelo grupo de jovens na igreja, ela acionou as partes para que eu pudesse ir para a reuniao do grupo sexta à noite. Assim, de minha parte, aproveitei o empurraozinho pra combinar algumas coisas, dei alguns telefonemas e enchi a agendinha.

Sexta-feira
De manha, fui para a cidade com Harald, como sempre. Fui direto para o RRZ (computadores) e às 10:00 estava correndo para a Stabi (biblioteca central) encontrar com Miguel, o brasileiro do Ceará. Conversamos um pouco sobre a vida... ele está há 8 anos aqui, terminando o segundo mestrado e meio sem saber o que fazer... casou aqui, e agora vai caindo a ficha de que aqui ele nunca vai ter tao reconhecido como seria voltando para o Brasil. Muitos brasileiros estao aqui nessa situacao. Ele me apresentou o Cláudio, outro brasileiro de Recife há sete anos na alemanha, mas Claudio nao está dividido, está louco pra voltar pro Brasil. Conversamos bastante, almocamos eeles me apresentaram Stabi, me ensinaram mais ou menos como funcionam as coisas por lá e sentamos algumas horas para estudar.

Às quatro da tarde eu fui encontrar Romina, a menina de Goa, na Índia. Muito legal. Tomamos um café, depois fomos dar uma volta no parque de diversoes que todo ano eles montam nesta época do ano. Consegui escapar por pouco de ser obrigada a andar numa montanha russa enorme com um monte de loopings!! Minha sorte é que, apesar de ser pequena, Romina é ainda menor :) Ela é muito legal.

Saí do parque atrasada, correndo para me encontrar com Hanno. Ele mora do lado da igreja, e eu tinha que ir até lá pegar a chave do apartamento com ele. Ele iria sair e por isso eu poderia ficar no quarto dele à noite, já que nao dava pra voltar pra Buchholz. O detalhe é que eu nunca tinha ido lá sozinha :) Resultado: Carol atrasada, molhada de chuva, perdida, numa cabine telefônica. A sorte é que eu nao estava longe e, depois de falar com ele, encontrei o lugar rapidinho.

Reuniao de Jovens
Tudo de volta sob controle, fui para a igreja. A reuniao, que normalmente comeca às 7h30, comecaria apenas às 8h. Por isso fiquei lá sentada esperando, um pouquinho ansiosa. Até que chegaram duas meninas legais e puxaram assunto. Logo chegou mais gente com chá e biscoitos gostosinhos :) aos poucos já éramos uns 20, nenhum adulto. Nora, a menina que morou um ano no Brasil, ainda nao tinha chegado quando comecamos. As luzes principais foram apagadas. Nós estávamos sentados em cadeiras dispostas em fileiras voltadas para uma parede onde seriam projetadas as letras das músicas. Nas cadeiras da frente, algumas pessoas que iam tocar: dois violoes, um teclado e uma percussao. Comecamos a orar, em silencio, depois alguns em voz alta espontaneamente. Um rapaz comecou a explicar por que tinha uma tela de cavalete lá na frente; disse que seria legal se cada um, ao longo da reuniao, levantasse e pintasse livremente qualquer coisa na tela, e no final deveriamos ter uma composicao interessante. Uns papeizinhos com referências de versículos foram distribuídos. Depois oramos o Pai Nosso, e ele comecou a refletir um pouco sobre parte por parte da oracao, acrescentando algumas outras passagens da bíblia, queeram lidas por quem tivesse o respectivo papelzinho. Ele nao estava de pé, nem mesmo com a cadeira voltada pra nós, mas sentado de forma que nao daria antes pra saber que seria ele quem dirigiria a dinâmica. Os versiculos e as palavras dele se intercalavam com as músicas. Essas, por sua vez, eram lindíssimas! Eram todas músicas de adoracao. Eu sou meio cricri pra letra de música de igreja, as classifico em vários tipos. Tem as de propaganda („deixa tudo entao, vem, seja feliz também, com Jesus“), tem as de auto-ajuda („você tem um valor, o espírito santo se move em você“), tem as mais apoteóticas („o nosso general é Cristo, seguimos os seus passos, nenhum inimigo nos resistirá“), tem as de comunidade („eu preciso de ti, querido irmao, precioso és para mim, querido irmao“) e tem as músicas de louvor. Dentre as de louvor, tem umas que declaram admiracao a um Deus enorme, Senhor dos Exércitos, Todo Poderoso, e tem outras que declaram amor a um Deus próximo e presente. Essas últimas, dentre todas as músicas, dentro ou fora da igreja, sao as minhas favoritas. Sao as músicas que tocam sempre na radiola na minha cabeca. Pois bem, todas as músicas da reuniao eram desse tipo. Algumas eram em alemao, outras em ingles. Nao consigo descrever muito bem o que senti nessa reuniao. Ela se pareceu muito com uma idéia que eu tinha na cabeca antes de vir pra cá, de me juntar com um grupo de amigos só pra louvor. Seria um grupo que nao se juntaria em conversas teológicas, nao discutiria doutrinas, simplesmente uniria seus coracoes em louvor compartilhado, em amor compartilhado. Seria um grupo horizontal, em que ninguém se proporia a ser porta-voz licenciado de uma verdade absoluta. Tudo semelhante à reuniao. Até esteticamente o momento foi impressionantemente especial. A música era tocada do jeito que eu gosto, voces sabem, violao e percussao. As pessoas cantavam muito muito bem, dividiam as vozes; lindo lindo :) Minha sensacao ali foi a de quem recebe um presente, ou de quem come sua comida favorita depois de muito tempo de fome. Foi a sensacao de quem tem uma oracao respondida. Nao sei quem de voces consegue imaginar. Me senti profundamente feliz, e me deliciei com cada segundinho que durou a reuniao. Ao final, sempre com os pés no chao, como boa capricorniana que sou, me cuidei para nao me entusiasmar além da conta. Soube que o encontro nao é sempre assim, normalmente é na sala de jovens, no porao da igreja, onde tem alguns sofás, um totó.. o pessoal fica por lá, oram juntos, conversam muito. A enfase no louvor tinha acontecido porque essa era uma reuniao de louvor, mas nao é toda sexta-feira assim. Decidi de qualquer jeito me aproximar do grupo. Ah, li em voz alta o meu versículo, quando chegou a minha vez, depois de anunciar que tentaria, pesar de o meu alemao ainda engatinhar :) Fui uma das últimas a ir embora, já perto de meia noite.

Sábado
Acordei um pouco tarde e ainda fiquei enrolando mais ainda na cama. Meu programa de sábado só comecaria ao meio-dia. Fui almocar com o pastor brasileiro sobre o qual contei aqui, e com a família dele. Cheguei na casa dele para ajudá-lo a fazer a lasanha que comeríamos (cortei cebolas e tomates, ele cozinhou. Ficou uma delícia). A esposa, conheci enquanto entrava; ela saia. Na hora de comer ela voltou. Guarani uruguaia, é doutora em teologia, estudou no seminário batista do recife e foi convidada a cinco anos pra dar umas aulas por aqui. Aí combinaram pra o marido aproveitar e fazer o doutorado dele. Os dois têm duas filhas: uma de 12 anos, que o pai acha parecidíssima comigo, e uma de 7. A situacao linguística da família é caótica. A pequena entende espanhol e portugues, mas só fala alemao. A maior tanto faz falar alemao, espanhol ou portugues. A mae fala normalmente portunhol; o pai, portugues; mas ambos intercalam um ou outro termo em alemao :p De quebra, tem uma hondurenha morando com eles. Foi uma tarde bem agradável :) Saí pouco depois das 4h pra voltar pra Buchholz. Fazia frio, choveu granizo na hora do almoco. Fui até o extremo sul da cidade e lá peguei o ônibus até Buchholz. Cheguei em casa cansada, com frio e feliz :)

Domingo
Fomos para a igreja de manha. O culto aqui é engracado... a igreja é num prédio antigo bem bonito, mas a nave é pequena e tem pouca gente, a pessoa que toca o orgao toca muito mal e só se tocam hinos tradicionais no culto. Eu acho bem engracado :) Quanto ao sermao, soh entendo muito por alto. Domingo foi dia de finados. A caminho da igreja, paramos num cemitério pra deixar um arranjo na sepultura dos avós de Hannelore. Lá por perto tinham algumas macieiras, e Harald pegou uma maca pra mim, que estou comendo agora enquanto escrevo e, sem demagogia, é a melhor maca que já comi. Eu sabia que às 5 os jovens iam pra uma outra igreja (que aqui eles chamam de Gemeinde – comunidade) daquele movimento Vineyard, que tem muita música nos cultos. Eu queria ir também, entao tinha que arrumar alguma coisa pra fazer em Hamburgo do final do culto, meio dia, até as 5 da tarde. Nora foi a solucao. Primeiro ficamos todos muito tempo lá conversando (sempre tem um cafezinho depois do culto). Depois fomos eu, Nora e mais umas três pessoas para a casa de dois meninos do grupo, que moram juntos, e estavam preparando o almoco pra nós.

Emancipacao masculina
Nao muito longe era o apartamento dos meninos. Um deles era o que tinha dirigido a dinamica da sexta-feira. O outro tinha tocado violao. Chegamos, nos serviram de chocolate e ficamos esperando o almoco sair, conversando na sala. Foi só depois de um comentário de Nora que eu me dei conta da situacao. Ela disse: „engracado... em outros países, como no Brasil, é muito raro isso: os meninos na cozinha e as meninas na sala esperando a comida“. É... concordei com ela. Aí lentamente comecei a olhar o apartamento como se nao fizesse já uma hora que estava lá. Percebi como era bonito, decorado com muito carinho. Na sala tinha um jogo de sofás com um centro no meio; do lado direito, um janelao com vários porta-retratos no para-peito, uma TV pequena no cantinho e uma luminária muito bonita; do lado esquerdo, um som completo, uma estante com cds, livros, vinis. Eles tinham um quadro com uma foto dos Beatles na parede em cima do som. Do outro lado, em cima do sofá, um quadro com várias fotos em preto e branco, de pessoas tocando instrumentos. Na parede oposta à janela, um quadro pintado pela namorada do que toca violao – uma guitarra. Tudo de muito bom gosto, muito arrumado, muito lindo! O almoco servido foi maravilhoso! Depois sobremesa, cafezinho... heheheh! Impecáveis. E aqui nao é nada especial, é bem normal. É a emancipacao masculina! Os homens conseguem viver bem, num ambiente limpo, bonito e agradável, mesmo sem mulheres :) Que legal!

Vineyard
Depois fomos pra Vineyard, mas isso nao vale muitas linhas. Foi um culto nao diferente de cultos no Brasil, com uma banda de louvor boa e tal. De diferente teve que as criancas podem ficar correndo e brincando no meio do louvor (e da pregracao também, que acontece depois de um intervalo pra cafezinho depois do louvor) e o jeito deles fazerem a santa ceia. As pessoas ficam em pé em fila, recebem o pao e o vinho do vizinho da frente e o passam pra o vizinho de trás. É uma comunhao bonita. Depois de lá, tinha que esperar o último ônibus pra casa (eles só saem em determinados horários nao tao frequentes) e por isso fui com a Nora pra um Café perto da igreja. Ela é muito legal, muito bom tê-la encontrado aqui.

Foi isso.

segunda-feira, novembro 15

Fim de semana e comments

Oieeee :)
Queria comentar primeiro os comentários!! Visitas inesperadas! Surpresas, surpresas! Dequinha!! Carlos! :) Libni, que legal ter noticiazinha tua! Quis muito falar com voce sobre minha despedida, com Bruno Luís e com o pessoal, mas nao consegui :( Me manda um email pra gnt ficar em contato! :) Narinha, linda! Que surpresa, que legal!! Dé, uma ótima surpresa tu por aqui :)

Tive um fim de semana muito bom. Fiquei em Hamburgo e fiz muitas coisas! Vou ver se hoje à tarde escrevo tudinho em casa pra postar amanha. E vcs, como estao? Escrevam!

Beijos!

PS: HOJE FAZ UM MES QUE CHEGEI!!! :)

sexta-feira, novembro 12

Troféu Correios

E a vencedora éééé,

JÚLIA MAIA REBOUCAS!!!


Chequei em casa ontem e qual nao foi minha alegria: uma cartinha pra miiiiim :)
Papel amarelo, caneta azul de ponta grossa, letra linda linda linda, poesia.
Fiquei uma hora degustando cada palavrinha, cada uma de mil faces. Mas é linda linda linda essa pessoUa!!! :)

Júlia, você fez uma amiga feliz! :)


ps: servico de informacoes: o carimbo na carta consta do dia 05/11, e a carta chegou ontem, 11/11. Só que ela também tem adesivinho de "prioritário", talvez por isso tenha chegado bem rapidinho :)

quinta-feira, novembro 11

Tempo e Temperatura

Em Hamburgo, 3°C.
Completamente nublado.
Minha pele desbota rapidamente, de forma que já passei do estágio verde, e já estou no amarelo claro :)
Uso hoje duas blusas de manga comprida, um suéter de linha fina e um casaco do Himalaia, além de cachecol :p Calco três meias e tênis.

quarta-feira, novembro 10

Apelo - Gatinhos Lindinhos

oi pessoallllll!!! To com uma ninhada de 4 gatinhos muito fofos e sociávies, amarelhinhos e gorduchos. Quem os conhece sabe que sao mesmo lindos! Acontece que infelizmente nao podemos ficar com todos, entao gostaria de saber se alguém se itneressa. Gatos sao ótimos, dao pouquíssimo trabalho e muito carinho (especialmente os meus, que sao manhosos) e se adaptam bem a apartamento. Recomendados a pessoas com o perfil de Breno Tapioca, por exemplo, ou e Igor Jatobá, ou de Gabriela, ou de pessoas que moram sozinhas. Quem tiver interesse, abra seu coracao!! Os gatos também sao ótimos! Desperte! Acorde do devaneio coletivo de que gatos sao maus, cachorros é que sao bonzinhos! hehehehe

beijos! Carol

9/11

Nao é nine/eleven e nao tem nada a ver com avioes e torres gêmeas, mas é nove de novembro, e tem a ver com muita coisa na história alema. Nada menos que quatro vezes no séc. XX foi esse dia um marco.

9/11/1918 – Após a queda do Keiser, foi proclamada a república na Alemanha.
9/11/1923 – Início da campanha de Hitler.
9/11/1938 – Início da perseguicao aos judeus na Alemanha nazista.
9/11/1989 – Queda do Muro de Berlin e reunificacao alema.

E nao foi feriado. Hoje funcionou tudo normal :p
Mas sao mesmo impressionantes esses números, 9 e 11. Para a fé Bahá’i, sao números sagrados, assim como o 7 e o 12 para o cristianismo. Eu acho, no mínimo, intrigante.
Vocês nao?

Transporte alternativo

Pra minha mae, que sempre quis que eu aprendesse a andar de skate, patins, patinete ou qualquer uma dessas coisas ´radicais´, vou escrever sobre elas neste blog. Finalmente descobri que essas coisas sao úteis! :p
Pra mim sempre foi assim: hora de andar de patins. Monta em cima do patins, dá três voltas na garagem ou no estacionamento, tia o patins e guarda. Ou pega o skate, vai pro Pina ou marco zero só pra andar de skate, volta pra casa e guarda (os skatistas que me desculpem, Nivson e Harim, mas na minha cabeca eh uma coisa meio desconectada do fluxo normal das coisas. Provavelmente vcs experimentaram diferente, um skate mais street mesmo, efim...).
Aqui essas coisas sao meios de transporte. Tem ciclovia na cidade in tei ra, e as calcadas sao decentes. Entao, pra curtas distancias – entre a parada de onibus e o destino, ou até a estacao de metro, ou pra ir pra escola perto de casa –, a galera usa essas coisas aih. No ônibus que eu pego toda manha tem um monte de guri com patinete ou skate pra ir da parada até a escola; a galera entra com bicicleta e tudo no metrô, essas coisas. Mexer-se aqui é bem mais variado!!! Heheheh :) A gente aih soh tem busao e expresso canelinha. Quem sabe se eu tivesse crescido aqui, mainha, eu nao teria gostado dessas coisas, como a senhora sempre quis! :p

Brazil iN!

Alô, alô! Uma notícia: o Brasil está na moda!!! :)
Hoje na estacao eu vi um grupinho de colegiais e uma das meninas tinha uma daquelas fitas compridas que se usam como chaveiro com o nome da terrinha. Fita amarela, nome verde: BRAZIL.
Brasil nao é com Z, nem em português, nem em alemao – inclusive BraZil com Z aqui se fala BraTSil. Mesmo assim a peste do Z está lá de intrometido no meio da nossa amada palavrinha.
No outro dia, o da fatídica festa, a decoracao era feita de umas coisas parecidas com olhos, só que a parte de fora era verde, a parte que seria a branca do olho era amarela e a bolinha do meio, azul!! Era a nossa bandeira, estilizada! :) E tem umas lojas internacionalescas exóticas que sempre têm camisas do Brasil na vitrine. Na estacao de trem perto da Uni mesmo tem uma :)
E as cores verde e amarelo estao muito na moda! Juntas! As cores, simplesmente, só elas, juntas. É como se no Brasil todo mundo gostasse de vermelho com branco, por exemplo (e nao só os torcedores do náutico), aí um japonês poderia achar estranho... ou um austríaco, também... Ah, tem muita gente com vermelho e branco. E com azul, vermelho e branco. Mas com verde e amarelo, só nóooooooosss!! (e os imitoes dos australianos, que nem tem as cores na bandeira deles mas as usam! HuMpF!) Pois seja por que razao for, simplesmente deu na telha de todo mundo aqui usar verde-amarelo. Têm tênis verde e amarelo, minha gente! Jaquetas verde-amarelo, toquinhas, cachecóis... Hoje tinha uma menininha no ônibus com a jaqueta combinando com o tênis: verde-amarelo. Nem no Brasil em tempo de copa se vê tanta coisa com nossas cores. É demais pra um coracao com saudade, poxa! Fica me lembrando a terrinha o tempo todo.

terça-feira, novembro 9

Notícias

Esse é um post cujo tema é notícias, e nao que contém notícias minhas :p Afinal, bem ou mal, eu estudo comunicacao :)
O que será que é noticiado no Azerbaijao? Nao faco idéia. Mas aqui na alemanha, dá pra ter uma nocao geral da agenda principal do jornalismo. Minha fonte principal de informacao tem sido o rádio, que ouco no carro e no meu quarto. Depois, a TV. Jornal ainda nao leio. Desde que cheguei até agora, percebi duas vertentes constantes na pauta:
-política internacional
-economia interna
É cedo pra saber se isso é uma constante, inclusive porque os últimos dias do cenário internacional têm sido mesmo agitados. Aqui se acompanhou de perto, como acho que em todo o mundo:
Eleicoes dos EUA
Situacao no Iraque
Morte de Arafat
Quanto ao outro ponto, é que a Alemanha está com problemas econômicos. Eu nao entendo ainda as notícias com tanta profundidade (hihihih), mas parece que eles têm um rombo ainda como resultado da antiga divisao leste/oeste. Investiram milhoes e milhoes na antiga Alemanha Oriental e o retorno é ainda muito aquém do esperado. Isso tem alguns reflexos cotidianos: está sendo discutido o aumento do número de horas de trabalho, e a transferência permanente do feriado nacional da reunificacao alema para um domingo. Na Alemanha já quase nao existe feriado. Nacional, só esse – e natal e ano novo, né... Igual ao Brasil, hein? Heheheh :p Esses dias, por causa da reunificacao, houve muita coisa sobre a antiga separacao. Assisti um documentário especial sobre a vida nas cidadezinhas próximas à fronteira, ou NA fronteira, às vezes aldeotas de meio caminhao de gente que de uma hora pra outra foram cortadas ao meio.

E por falar em notícia, hoje é o primeiro dia da implementacao da televisao digital na alemanha. Isso também esteve na pauta, e a populacao teve que se preparar comprando um aparelhinho especial pra poder captar. Aparentemente tudo permanece igual, exceto o aparelhinho e o fato de que agora têm mais alguns canais, mas na verdade a TV digital é capaz de uma verdadeira revolucao. Aguardemos e vejamos :)

Mas a TV daqui tem umas coisas bizarras. É impestada de reality shows também, bem pior que a nossa. Mas, nao sei, tem alguma coisa estranha com a estética, com o jeito que a coisa é feita. Nesse especial que eu falei, sobre a reunificacao, pox exemplo, tinha muitas entrevistas. Elas aconteciam assim: ficavam o jornalista e os entrevistados parados, de pé em, e aquele microfone sorvetao enorme entre eles. Aí na hora que o jornalista perguntava aquela pergunta looonga, mesmo assim a câmera ficava em close na cara de batata do entrevistado. Quando ventava, ficava aquele discreto chiado do vento no microfone. Heheheh! E nao era ao vivo naaaao!! A edicao, misericórdia, chega dava pena :p Talvez nao seja tao ruim, rapaz, é a globo que nos deixa mal acostumados, tudo certinho, sonoplastia legal, ambientacao, fadeouts, blenblenblen :p
E os telejornais aqui!! Tem um nacional chamado Tagesschau, apresentado por uma jornalista só, sentada do lado direito da tela com um quadradao do lado esquerdo superior ilustrando a introducao da notícia. Ela fica cá, com a cabeca baixa, lendo os papeizinhos – termina de ler, passa o papelzinho pra pilha do lado e comeca o seguinte!! Hahahahahaha!! Tao imaginando William Boner de cabeca baixa lendo papelzinho no Jornal Nacional? Heheheheh :p
E teve um programa de auditório que eu vi, super popular, em que se apresentaram três pavoas como super atracao. Três senhoras com uma roupa que parecia uma mistura dos porwerrangers com as meninas superpoderosas, uma rosa, uma vermelha e uma laranja. Elas cantavam, fazendo uma coreografia pavorosa, em cima do palco, com um jogo de luz igualmente assustador. Ô coisinha de mau gosto, viu? Hehehe!
Mas as rádios daqui sao muito boas :) Tem uma de notícias, impecável :)
Mas eu me divirto! Hihihi

segunda-feira, novembro 8

Primeira semana de novembro

Uma semana que comeca com uma segunda-feira como a descrita só pode ser pra baixo, né? Misericórdia! A temperatura cai dia a dia aqui, e a semana foi cinza e chuvosa, pra combinar com meu estado de espírito. É fato que fiquei melhorzinha na segunda mesmo, mas outras fichas foram caindo e me derrubando junto:

Grana curta
eu teria alguma coisa do fogao pra pagar, o telefone da casa de sonja (pela internet), o da casa de Helge para o Brasil, e o da minha casa tb para o Brasil. Além disso, tinha que pagar ainda nessa semana a universidade, que eu ainda nao tinha pago. Tinha ainda o plano de saúde desse mes, e o de dezembro – tudo isso antes de eu receber do meu trabalho. O dinheiro que eu trouxe se desvalorizou pra caramba, porque eu trouxe dólares e com U$100 consegui €75... a pessoa só pode passar mal. Fiquei muito preocupada com como ia pagar tudo isso.

Quinta-feira
Quinta foi o estopim. Tive pesadelo à noite, acordei com uma baita dor de cabeca, fui para a cidade como sempre e nao tive aula, fui entao pro RRZ e escrevi essa novela toda pra minha mae por email, o que fez minha cabeca doer ainda mais :p Cheguei em casa um trapo. Aih comi e fui dormir! Dormi das 4 às 9h!! Aih fui trabalhar um pouco quando acordei, mas meia noite já tava na cama de novo.

De virada!
Depois do total de 11 horas de sono :p, acordei nova sexta-feira! Novinha! E adivinhem: fez um dia lindo! Heheheh :) Realmente, sexta, sábado e domingo foram dias muito bonitos – frios, mas com sol e cores. E com sol tudo funciona: sexta de manha eu resolvi finalmente a questao do consulado e encontrei-me com uma colega para um café :)

Ah, essa minha colega é uma história legal. Só de olhar pra ela voce nao tem como errar: indiana. Cabelos pretos lisos e pesados, divididos de lado e presos num rabo-de-cavalo baixo; pele de um moreno levemente avermelhado; olhos bem pretos, grandes e redondos; sobrancelhas arqueadas – típica típica :) Algo especial: ela é de Goa, uma ex-colonia portuguesa!! Uma colega indiana que fala portugues!!!! HuhHUhu! Nao é o máximo? Parecia uma realidade tao distante quando ouvia „se fala portugues na Índia e na China“. Pois entao!

O fim de semana todo me senti melhor. No entanto, nao estou dormindo muito bem, ando sonhando uns sonhos estranhos. Jung explica :p Ontem de madrugada acordei meio zonza de um sonho estranho, e sem querer voltar a dormir, comecei a ler Sidarta, de Hesse. Li mais da metade na mesma madrugada, estou amando.

Hoje de manha fui para a igreja com os Frey. Lá, conheci uma menina que morou no Brasil e também fala portugues. Lá é maiorzinho e tem mais jovens que a comunidade de Helge. Foi legal :)

E o problema com o dinheiro? Continua o mesmo? E porque eu me sinto melhor mesmo assim? Nao tenho idéia. Recalculei, acho que dá, apertado mas dá. Simplesmente sei que vai ficar tudo bem. No início da semana, pensei em ir atrás de um outro trabalho, mas descartei, nao tenho condicoes agora. Entao pronto :) Se alguém aí ganhar na loteria, nao esqueca de me dar um help :p

Os meus „pais“ aqui estao sendo muito lindos também. Estao tao bem de mim que tenho que cuidar pra nao ficar mimada :) Sempre tem pequenas coisas muito fofinhas que fazem por mim – chocolate no meio da minha roupa limpa, vaso de flores no meu quarto, bonequinha para decoracao de natal de presente etc etc etc :) Muito lindos! Hoje Hannelore e eu fomos dar uma volta de tardezinha, nos 7 graus de temperatura. Valeu a pena! Como é lindo aqui, minha gente! É campo, né, tem bosques e campos abertos gramados, muito amplos, e o relevo é levemente irregular, com elevacoes e declives. O céu estava limpo, e o sol o pintou com cores lindíssimas ao se por.

E assim seguem os dias, choro e rio, me encho de medo só pra me encher na mesma medida de alegria em seguida... :)

As ultimas da minha cabeca-de-vento

E pra quem pensa que aqui tudo sao flores, aí vao os espinhos.

Imaginem aquele hóspede, aquele primo distante ou aquele colega de turma que acha que um dia foi seu amigo mas que na verdade é inconveniente, chato e debochado e parece escolher exatamente os momentos mais impropícios para aparecer! Pois bem, algumas características nossas sao assim! No meu caso, é a minha cabeca-de-vento. De vez em quando ela aparece, e nas piores horas :) Aih eu faco coisas como a clássica história de, ao querer beber leite quente, apanhar a caneca, colocá-la no microondas por um minuto , apanhá-la ao sinal e com um susto me perguntar “ué! ende foi parar o leite?!”, para só uma fracao de minuto depois perceber “ah! esqueci de colocar o leite na caneca...”. Também posso simplesmente esquecer uma reuniao imoportante no trabalho (né, time Consultexto?).

Nesses episódios, o que resta fazer é rir de mim mesma, e me lembrar do quao ridiculamente engracada posso ser. Cai na minha cabeca a carapuca da minha própria caricatura, e lembro dos adjetivos que acabo ganhando em qualquer lugar em que eu permaneca por mais tempo: autista, doida, aluada, e o melhor – que eu mesma me dei (hihihi) – selenita. Lembro, nessas horas, de um vídeo educativo que eu assistia quando era crianca, com vários mini-clipes musicais. Esse clipe em especial mostrava um pirralho desengoncado que narrava, numa melodia repetitiva e sem graca, como ele sempre fazia tudo errado. E aí o amigo falava, no refrao animadinho da música:
Ria de voce mesmo, nao importa o que,
Ser muito sério é mau pra você!
É melhor sorrir do que ter que chorar,
E a todos voce pode alegrar!

Pois bem. Desde a semana passada que a minha cabeca comecou a dar tilt. Acontece assim: o ar lá dentro da minha cachola comeca a ficar rarefeito, a gravidade diminui e as coisas comecam a flutuar e a sacudir, batem umas nas outras ou se perdem no entulho e na bagunca. Heheheh. Eu comeco a ficar desesperada e quanto mais me desespero, pior é.

Tudo comecou com a chave da casa – perdi-a assim que a recebi. Simplesmente nao conseguia lembrar onde a tinha deixado. Encontrei outro dia já nem lembro mais onde, mas tornei a perder no dia seguinte. Levei uma garrafa com água para a universidade, a esqueci lá. Gracas a Deus a encontrei de volta, na sala do Prof. Eichner. Passei a ficar mais alerta, respirar mais fundo, sempre com uma luzinha amarela piscando na testa – “nao leve isso, voce vai esquecer”, “preste atencao, voce está colocando isso aqui, está vendo?”, “nao marque compromissos que nao sejam essenciais, voce nao vai lembrar – e nem adianta anotar na agenda”.
Ufa, um dia após o outro, tudo bem; ainda sem a chave, mas ela já aparece! Chega sexta feira, a fatídica sexta-feira de Buchholz já descrita aqui. Tenho vontade de virar um ursinho com muito muito pelo macio e marrom, encontrar um cantinho quentinho no canto do quarto e hibernar – só acordar quando os pássaros voarem de volta do sul para cá. Mas, como bom ser humano jovem, tenho obrigacao de nao me deixar vencer pelo inverno – ao invés de urso, viro gerico (g ou j?) e vou-me embora para uma festa que – tá bom, nao foi ruim –, mas nao valeu em nada o esforco. Talvez eu nao odiasse tanto a festa se o dia seguinte tivesse sido diferente, mas como foi como foi, preferia nunca ter iso à danada da festa. Enfim. A festa nao interessa, ela foi como todas as festas onde voce nao conhece as pessoas. O que interessa é o dia seguinte.

Sábado. Acordei às 10h, na casa de Sonja, que é, na verdade, a casa de Katharina, que está morando conosco no Brasil. Sonja já tinha saído para o trabalho e eu estava sozinha. Pensei em ir pra casa, mas os 3,20 euros do ônibus me fizeram pensar um pouco mais – os pais de Hille iriam para Hamburgo à noite, para a casa de Helge; eu poderia esperar até à noite e ir encontrá-los lá sem pagar um tostao. Ótima idéia! Liguei para Sonja e perguntei se poderia ficar lá até à noite, e depois para os Frey e combinei tudo. Passei um dia tranquilo, assisti TV, ouvi música, cozinhei um pouco de macarrao com azeite e sal que as meninas quiseram fazer na madrugada anterior e acabaram desistindo. Vi meus e-mails. Tudo ótimo. Ao sair, deixei tudo limpinho e exatamente como eu tinha encontrado. Ou assim eu pensei!!

Segunda feira à noite. Sonja me liga e eu estou no banho. Torna a ligar, parece preocupada.
“Carol, eu queria perguntar... você cozinhou quando esteve aqui?”
“Ah, sim! Um pouco do macarrao. Mas era o seu, né? Nao era o da outra menina que mora aí nao, ou era?”
“Nao. nao sei... mas o problema nao é esse! é que o fogao... voce tirou a tampa quando cozinhou?”
“Tampa? Que tampa?”
“No fogao tem umas tampas, Carol, de metal, de decoracao... Voce... cozinhou em cima delas! e agora estao muito queimadas...”
“QUÊ!? Ai meu Deus! Tampas? Mas eu nao sabia! Ai meu Deus! Por isso é que demorou tanto pra cozinhar”
(tlin tlin tlin – ficha caindo. Eu reclamei muito nesse dia dos fogoes elétricos daqui. Eles sao planos, têm uma chapa em baixo de cada boca que esquenta e aquece a boca. Como eu nunca consigo acertar onde é o fogo alto e o fogo baixo porque nao tem fogo nenhum, acaba sendo lento mesmo. Só que nesse dia foi mais lento que nunca).
“Ai, Carol, mas se voce nao sabe, por que nao pergunta!! Porque nao me disse que queria cozinhar e eu ia explicar tudo!” (a bixinha, desesperada...) “Agora tá queimado! E, tá, a tampa você compra outra, mas o fogao em baixo estragou também e isso eu nao sei como consertar!”
(nao dá pra descrever o que eu senti na hora mas um soco bem forte no estômago teria sido um milhao de vezes melhor)
“Aaah, Sonja! eu... me desculpa! Eu achei que sabia! Eu nao tinha idéia! Ai meu Deus! Eu vou compar, eu vou consertar, eu vou dar um jeito”
(nessa hora você comeca a enxugar gelo uma meia hora... pra encurtar, vamos ao próximo desastre)
“Tem mais uma coisa. Você usou a geladeira?”
“Sim, claro, peguei uma fatiade pao lá de manha para a torradeira. Ai... O que houve?”
“É que nao ficou bem fechada... Minha colega de quarto chegou de viagem e a cozinha estava toda molhada, e a geladeira, descongelada.”
“Aaaaaaaaah meu Deus! E ela teve que limpar tudo!! Estragou a comida?”
“Ah.. nao.. mais ou menos. A pizza que estava no congelador ficou com uma forma estranha.”

Confesso que nao teve musiquinha de infância que resolvesse, e eu me senti a criatura mais ignóbia e estúpida do universo, e achei que estraguei a vida de todo mundo. Com que cara ia olhar para Sonja de novo? Com que cara ela olhou para a colega de apartamento? E com que cara as duas iriam olhar para a dona do apartamento alugado, que também é dona do fogao? Onde esse desastre iria parar, meu Deus?

Desci para o meu quarto. A primeira coisa depois de me odiar e me xingar (o que nao dura tanto) sempre é perguntar o porquê. Especular possíveis causas, conscientes ou inconscientes, no profundo do meu psiquismo atordoado. Criar um raciocínio que justifique. O que eu criei segunda à noite foi bem pouco generoso comigo. Cheguei à conclusao que tudo isso tinha acontecido porque eu fui para a festa porque achei que tinha que me mexer, que fazer coisas, que conhecer pessoas, ao invés de esperar em Deus. Concluí que minha fé era pequena demais e que isso era uma ingratidao enorme depois de tudo o que caiu do céu pra que eu viesse até aqui. Me culpei pelo medo que senti e sinto, pelas dúvidas e incertezas e angústias que sinto por estar numa situacao nova. “Se voce tivesse fé de verdade, Carolina, nada disso estaria acontecendo! Mas nao, tem que meter os pés pelas maos!”. Nao achei que era castigo de Deus. Achei que era consequencia natural do meu desespero, que por sua vez era consequencia natural da minha falta de fé, da minha mesquinhez e da minha pequenez espiritual. Pronto. Estava explicado. Como nao conseguia orar, peguei o terco que vovó e tia Carminha me deram e comecei a repetir o Pai Nosso, rápido, e depois mais lento, e mais lento, e comecei a me concentrar bem fundo nas palavras. Fui respirando e me acalmando, repetindo, “seja feita a tua vontade... perdoa as nossas dívidas... livra-nos do mal...amém.”. Depois de um terco inteiro, comecei a orar espontaneamente, e lembro que repetia “nao me deixe só, paizinho. Sem ti eu sou pior que a barata morta no canto da porta”. Heheheh! Nao sei de onde isso veio, mas foi a coisa mais nojenta que consegui pensar na hora, e era assim mesmo que me sentia – pior que a barata morta no canto da porta. E é isso que somos mesmo sem Ele, afinal. Enfim.

Depois desse tempo no meu quarto, me acalmei, e já era a hora em que iam transmitir Farenheit 9/11 na TV aqui. Era véspera das eleicoes nos EUA. Subi para ver o filme, que serviu como uma luva para me lembrar que, por mais grave que tenha sido mesmo o meu erro, a humanidade tem problemas bem maiores para resolver.

E foi assim que rezei um terco inteiro pela primeira vez na minha vida, e recomendo, inclusive para protestantes – o Pai Nosso é mesmo muitíssimo profundo.
E acreditem ou nao, encontrei minha chave finalmente segunda à noite, depois de tudo, e arranjamos para ela um chaveiro bem grande, e ela nao sai da minha bolsa.

Ps: J.K.Rowling tem uma explicacao fantástica para o sumico das chaves: ela explica que alguns bruxos chatos, para zombar dos trouxas, encolhem suas chaves até que elas fiquem praticamente invisíveis e se divertem observando o seu desespero “tinha certeza que estava aqui!”. O Sr. Weasley, a propósito, trabalha no Ministério da Magia numa sessao especializada em nos proteger desse tipo de feitico. :p Pois nao é que a sensacao é que poderia muito bem ser verdade!? hehehehehehe

mas diante de tudo isso, o sacratíssimo livro branco da ordem das iniciadas* nos lembra:

O fracasso é um mestre mais eficaz que o sucesso.

Oucam,
aprendam,
insistam.


*Mulheres que Correm com Lobos, da mestra Clarissa Pinkola Estés
Irmandade
Sacerdotizas: Carolina e Daienne
Madrinha: Dra. Vânia
Novicas: Elizeth e Júlia
Suporte espiritual: Maria José e Maria do Carmo


sexta-feira, novembro 5

Quarta

Buchholz Parte I – A casa
Quarta-feira foi o primeiro dia em que pude realmente ver a casa de Harald e Hannelore (pais de Hille) em Buchholz. Cheguei nela terca, tarde da noite, e no escuro dava apenas para ter uma idéia.

A casa, vista de fora, nao parece tao grande quanto é. Entre ela e a ruazinha curva em que está situada, fica um jardim meio, digamos, selvagem, mas bonito. Cruza o jardim uma escada de uns oito a dez degraus largos, pois a casa fica num nível mais alto que a rua. No fim da escada, uma estrutura de madeira – a garagem. A casa tem dois pavimentos e um porao bem aproveitado, no qual, a propósito, fica meu quarto. A porta de entrada dá para uma saleta que tem apenas os cabides para os casacos, uma cesta para os guarda-chuvas, uma mesinha com o telefone e uma cadeira ao lado dela. À direita, fica a escada muito bonita de madeira com degraus vazados, que leva ao primeiro andar e ao porao. À esquerda, um pequeno lavabo e a copa-cozinha. Em frente, um corredorzinho que dá para a sala de estar, a sala de jantar e a suíte do casal. Na sala de estar, sentamos toda noite em frente à lareira – acesa – para conversar e tomar vinho. Uma porta larga de vidro separa essa sala do quintal gramado, onde há mais flores, um laguinho artificial bem pequenino com umas pedras de seixo decorando e, lá no fundo, um casebrezinho de madeira como depósito.

O primeiro andar comporta o antigo quarto de Hille, o escritório de Harald, um pequeno apartamento onde morava a mae de Hannelore (salinha de estar – onde fica a única TV da casa –, separada do quarto por uma cortina, e uma minicozinha), e acho que o antigo quarto de Henrique.
Obs: Hannelore e Harald têm quatro filhos, na ordem: Helge (h), Henrique (m), Hanno (h) e Hille (m).

A casa tem livros por toda a parte, literalmente. Nos lugares mais inusitados tem prateleiras com livros, como em cima das portas, no corredor e em cima da mesa da copa, por exemplo, onde se encontram livros de receita. O escritório de Harald é muito interessante. Uma das paredes è mais curta e dela sobe o teto de madeira em diagonal (os telhados aqui sao triangulares, né… tao vizualisando?). Nesta “parede” ele afixou vários mapas. Tem um mapa mundi estilo antigo, mapa da Europa, uns três da terra-média (isso mesmo! A de Tolkien!)… Nas outras paredes, estantes com muitos livros, dos mais variados temas. No centro o computador e à direita dele um birô apinhado de papéis. È um dos lugares mais legais da casa =)

Quando se desce ao porao, logo à esquerda, fica o antigo quarto de Hanno, em frente a área de servico (lava-roupa, tábua de passar, varal), ao lado uma despensa com freezer e estantes com comida e à direita o meu quarto, com um banheiro grande ao lado. Meu quarto e pequeno e aconchegante. Tem carpete e paredes de tonalidade bege clarino, e móveis de madeira clara. Como nao poderia deixar de ser, uma das paredes è todinha ocupada por uma estante de três colunas, que comporta álbuns de fotos antigas, colecoes de enciclopédias, uns arquivos de revistas (ah, eles tem a colecao na national geographic) e uns vinis, predominantemente de música clássica, e duas prateleiras para meus livros e os outros que já pesquei por aqui pra ler ;). È nessa parede que está a porta. Encostada na parede oposta, a minha cama e um abajur. Na parede do fundo, tenho uma janela alta que dá para o jardim, e uma mesa de estudos. Do outro lado, o guarda-roupa. Já tenho fotos de vocês pelas paredes inteiras, e posso dizer que me sinto em casa aqui =).

RRZ (Regionales Rechenzentrum)
Quarta ao meio dia fui com o Piasta (programa para a integracao de estudantes estrangeiros) conhecer o RRZ, a central de computadores da universidade. A Uni-Hamburg nao tem exatamente um campus. Seus vários prédios, em sua maioria, se situam no coracao da cidade, e ficam meio difusos lado a lado com outras instituicoes e lojas. Alguns prédios ficam um pouco mais afastados, mas esses de que falo com mais frequencia – o de filosofia e o de ciencias sociais, além do WiWi onde tem uma cantina legal, se agrupam em torno de uma pracinha. O RRZ nao fica longe dali. Acostumada com os laboratórios de informática do CAC, fiquei bem impressionada com o RRZ. Nao porque ele tem o glamour de um CIN – o prédio em si é bem modesto, por sinal –, mas pela eficiencia com que cumpre a funcao a que se propoe. No RRZ temos duas salas para uso de PCs „normais“ (IBMs), uma sala para machintoshes e uma para linux!! HuhUhUHu!! Além disso, nao há limite de tempo para uso do computador e normalmente nao se precisa esperar horas para usar. Eu mesma, como normalmente chego bem cedo, nao preciso esperar nadinha. Podemos imprimir qualquer documento e apanhá-los na sala das impressoras, ao lado, numeradas de acordo com os computadores. Temos um limite de impressao de 50 páginas por semana!!! Hehehehe =) As máquinas sao muito boas e a conexao é rápida, e fiquei bem feliz por isso já que praticamente dependo do RRZ pra ter acesso à internet e a vocês. Muito legal.

Trabalho
Quarta foi também o dia em que finalmente saiu o meu contrato de trabalho. Depois da visita ao RRZ, fui encontrar com o Prof. Eichner. O trabalho é o seguinte: temos um contrato de obras, no qual a Universidade é a empregadora e eu, a empregada (xiki ;p); daqui até dezembro, fizemos uma estimativa sobre horas de trabalho, e um orcamento; até lá, receberei várias tarefas para serem realizadas e em dezembro, no vencimento do contrato, receberei o pagamento todo de uma vez. O professor trabalha com muita coisa interessante em sociologia, e meu trabalho é auxiliá-lo. Minha primeira tarefa foi organizar umas tabelas, transferindo uns dados de um arquivo para outro – um trabalho simples, mas demorado, pelo fato de o arquivo ter quase 300 páginas. Saí quarta-feira da universidade com contrato fechado e um laptop pesado pendurado no ombro pra fazer o trabalho.

Quinta

Vorlesung
Quinta de manha, como todas as quintas, fui pra aula de alemao. À tarde, tinha uma Vorlesung. Uma Vorlesung é uma aula livre, aberta pra todo mundo, na qual nao se faz provas nem nada parecido. Essa era sobre desenvolvimento (como em países desenvolvidos e subdesenvolvidos), um histórico do termo ao longo da história, desde a renascenca até os nossos dias. A aula acontece num auditório enorme – umas três vezes ou mais o auditório do CAC –, que fica lotado. O professor lá na frente, lá em baixo, fala num microfone e usa transparencias, e as pessoas cá tomam notas concentradas. E nao vao receber nota por isso. Como eu nao estava entendendo nada da aula mesmo, fiquei só refletindo sobre isso... sobre o que representa a universidade, o que aquelas pessoas estao fazendo ali, e sao muitas pessoas! Como é diferente do Brasil. Aqui as pessoas têm um hábito interessante – sempre ao fim das aulas, todos batem de punho fechado na mesa (como quem bate numa porta), para aplaudir :) Eu teria que escrever muito sobre esse ponto, mas ainda nao dá...

Sexta

Buchholz parte II - a casa
Sexta foi um dia chatinho e carinho. Nao tenho aulas às sextas, entao aproveitei para tentar resolver minha questao na secretaria municipal para estrangeiros. Tem que ser no município onde voce mora, que no meu caso é Buchholz, e nao Hamburgo, e é aí que comeca a aventura.
Buchholz é uma cidadezinha minúscula ao sul de Hamburgo. Como eu nao moro exatamente em Buchholz, mas num vilarejo pertencente a ela chamado Dibbersen, desci a rua (20 minutos a pé), perdi o ônibus (porque quando ia sair, a porta estava trancada, e eu tinha perdido a minha chave) e tive que esperar uma hora na parada pelo próximo (nao adiantava voltar pra casa pq só pra ir e voltar em precisaria de 40 min). Entao lá vou eu para Buchholz. Tentei me animar com o fato de que sempre quis conhecer cidadezinhas na Alemanha – achava que as tradicoes populares seriam mais vivas. Chegando lá, uma decepcao... muito sem graca, o centro da cidade é um conglomerado de lojas em construcoes tipo caixao sem a minima cara de riqueza cultural. Andei três quarteiroes (nos quais tive a sensacao de já ver a cidade inteirinha) até a prefeitura igualmente sem graca, pra chegar lá e me avisarem que a cidade nao tem secretaria de estrangeiros, mas está submetida a uma outra cidade maiorzinha, ainda mais ao sul, só que nao se sabe exatamente como chegar a ela de ônibus... só se sabe que se leva meia hora de carro. Como eu nao tinha carro, voltei pra casa com maos e passaporte abanando, ensopada de chuva, com frio e frustrada. Minha esperanca é que mais ao sul, na Bavaria, por exemplo, existam cidadezinhas com algum vestígio de cultura popular mais antiga; e que eu consiga fazer meu registro em Hamburgo.
Enfim... cheguei em casa quase meio dia, tomei um banho quente e nao queria mais sair até o inverno acabar. No fim da tarde, me forcei a me arrumar, descer de novo até a parada e ir-me embora até Hamburgo encontrar-me com Sonja, para irmos a uma festa numa casa de estudantes estrangeiros. No ônibus, descobri que a passagem até o ponto onde posso pegar trens dentro de Hamburgo custa €3,20! E eu já tinha pago €1,50 pra ir e mais €1,50 pra voltar de Buchholz em vao. Só podia rezar que a pesta fosse boa. Dentro de Hamburgo e regiao metropolitana, nao pago transporte porque a taxa semestral da universidade proporciona um tocket de passe livre o semestre inteiro. Gracas a Deus, recebi a boa notícia de que, a partir de dezembro, Buchholz, e também Dibbersen, vao fazer parte da regiao metropolitana.
Decidi ir à festa exclusivamente por nao querer entrar em depressao por causa do frio... De fato, a noite nao foi ruim. Chegamos à festa, tinha gente da itália, da espanha, da inglaterra, do chile – ninguém do Brasil, pra variar, mas tocaram JORGE BEN!!! Nao ele, mas uma versao de uma musica dele. Foi o ápice da festa! O resto foram conversas superficiais e sem futuro, mais um pouco de danca e pronto. Quando cheguei à casa de Sonja, onde ia dormir pq n dava pra voltar pra casa, a primeira coisa que fiz foi ligar pra Harim, porque festa sem ele é difícil ter graca. Conversamos um pouco, adiamos um pouco o óbito por saudade e fomos dormir mais felizes.

Sábado

Acordei umas 10 da manha, já estava sozinha na casa de Sonja, porque ela já tinha ido ao trabalho. Para nao pagar os malditos €3,20 de volta pra casa, decidi passar o dia lá porque à noite Harald e Hannelore iriam a Hamburgo visitar Helge – eu encontraria com eles lá e voltaria de carro pra casa. Foi o que fiz. Durante o dia, vi TV, usei a internet e telefonei muuuito muito :) Passei muito tempo falando com mainha, e conversando sobre essahistória de sair ou nao sair, me mexer ou nao me mexer. Chegamos à conclusao de que, como eu nao tenho vontade mesmo de me mexer, vou aproveitar pra estudar mais :) Assim fico sentadinha no meu quarto quentinho e pronto :) Nada de me debandar de noite ou fim de semana pra festas sem graca só porque “tenho que memexer”. Esse é um ponto importante, que perpassa todo o meu inverno aqui. Quero terminar o primeiro semestre bem melhor no alemao, pra conseguir aproveitar o segundo direitinho.

Domingo

Como nao fiz nada do trabalho no sábado, passei o dia inteiro no domingo trabalhando, porque queria estar com tudo pronto na segunda. Foi isso.

Finalmente está concluída a semana passada. À medida que as coisas vao entrando numa rotina aqui, nao se jsutifica eu ficar escrevendo dia a dia como foi essa semana – e eu só fiz isso porque cada experiencia trazia consigo uma descricao contextual, e nao meramente factual (acordei, tomei café, escovei os dentes, blablabla). É isso que deverei fazer daqui pra frente, escrever sobre experiencias relevantes ou aspectos interessantes das coisas que posso observar aqui.

terça-feira, novembro 2

rapidinha

apesar das reclamacoes, infelizmente nao poderei publicar o restante da minha semana passada. Sei que já é um atraso considerável, e a minha parte de jornalista, apesar de mínima, se incomoda com isso. Mas de qualquer forma, estou correndo. Estou na central de computadores da universidade e sao 9:10 da manha. Estou aqui desde 8:40, vendo emails. Acho que poderei vir aqui com frequencia, mas sempre com o tempo um pouco apertado. Vamos ver se amanha dá.

Beijos e segurem as pontas (viu mainha?). Aqui tá tudo bem.
Daizinha, se aperreie nao, eu ligo outra vez ;) Te amo!
Painhooo, se aperreie nao tb!! Heheheheh!! Unxi, claro que eu vou ligar de novo!

teh+

segunda-feira, novembro 1

Tirando o atraso

Tive uma semana tao cheia que parece um mes! Heheheh Agora repassando tudo pra escrever, percebi... Nao tive condicoes de acessar a internet. Agora vai ser mais complicado, e vou me organizar pra atualizar toda sexta-feira, que é quando tenho tempo pra ficar na central de computadores da universidade. O problema é que vai ter sempre muito texto de uma vez só (como hoje), aí eu vou ter que me organizar pra publicar tudo de uma vez só, e vcs vao ter que se organizar pra ler aos poucos, se na nao dá.. hehehe ? De todo jeito, é importante, pq além de ser uma ponte c/ vcs, isso aqui é meu diário tb, meu registro. Nao tô escrevendo em papel nada nao... Entao ficamos combinados assim. Espero que dê certo.

Geral
A semana foi mais difícil que a primeira. Vai ficando mais frio e mais cinza. O Outono belíssimo que encontrei já dá lugar a uma paisagem morta e tristinha. As árvores secas e sem folhas me afetam quase tanto quato o frio... Meu próprio humor vai mudando também, e vou ficando mais lenta, mais quieta. Estava um pouco apreensiva com relacao a isso, mas conversando com a minha mae, cheguei à conclusao que o melhor a fazer é estudar muito: posso fazer isso quietinha no meu canto quentinho :). Estou com saudade de casa, de voces, do sol e das cores :).

Segunda

Deutsch als Fremdsprache e Phil-torm
Meu primeiro dia de aula de verdade foi segunda-feira. O Phil-torm, como é conhecido o pédio de filosofia, história, línguas em geral etc, parece irmao do CFCH! Impressionante! Deve haver um padrao primordial, quase que um arquétipo, que rege a construcao de prédios de filosofia e ciencias humanas nas universidades do planeta. Heheheheh!
O Phil-torm é um prédio alto, de 13 andares, mais largo do que o CFCH. Tem no térreo uma Mensa (cantina) ótima, uma versao evoluída do Chef-Platao. Tem mais pichacoes do que o CFCH e também está sempre em reforma. Cheguei eu lá às nove e pouca para a minha primeira aula – de alemao como língua estrangeira – que para a minha sorte acontece no 13º. andar. Como se nao bastassem todas as coincidências, os elevadores do Phil-torm também só vao até o penúltimo andar. Nesse dia, estavam interditados do 8º. pra cima, o que me fez subir de escada o resto, depois de enfrentar a fila enorme, conhecida também por qualquer estudante do CFCH.
A aula felizmente foi legal. Tenho muitos colegas, que se dividem prioritariamente entre uma ala enorme de orientais, outra do leste-europeu. Tem um ou outro latino-americanos, acho que eu e mais umas 3 meninas (ninguém do Brasil), e mais um pessoalzinho do oriente-médio. Os outros sao pontuais. O professor é engracado e pareceu bem interessado. Se colocou a disposicao de corrigir quantos textos quiséssemos escrever e nos incentivou a ir à sua Sprechstunde (hora de atendimento) tirar dúvidas ou qualquer coisa. Achei isso bem legal.

Jornalismo

À tarde é que veio a parte chata: aula em jornalismo. Já foi um sacrifício encontrar um curso interessante em jornalismo. Nem consegui, mas escolhi um menos chatinho lá, sobre a historia dos meios de comunicacao de massa... Fui experimentar. Nem gostei... É um seminário intermediário, entao o pessoal que faz já tá por dentro de tudo da universidade, já enturmado e tal... Nao tinha ninguém comecando como eu. Entender o alemao foi muito difícil também, muito mesmo! Voltei pra casa arrasada e com dor de cabeca. Mas melhorei...

Terca

Teologia

Terca foi meu segundo dia de aula. Fui experimentar um curso em Teologia :). Isso mesmo! É um curso do departamento de ecumenismo, missiologia e ciencia da religiao. Trata sobre as representacoes do bem e do mal nas religioes mundiais. É um seminário pra iniciantes. O clima foi o contrário do aa aula de jornalismo, e me revigorou! Tinham muitas pessoas de outras áreas que nao sabiam nada de teologia e estava querendo conhecer, tinha gente do primeiro semestre, ainda meio perdido (o sistema aqui é complicadinho mesmo), tinha mais uns dois intercambistas... A própria professora é de Camaroes. Consegui entender tudo direitinho, fizemos uma dinamica com umas fotos.. foi legal. Os textos também, já andei dando uma olhada, e na terceira vez que eu li, já consegui entender direitinho! Hehehehe :p Sao textos mais fáceis, apesar de serem muito difíceis ainda pra mim. Mas fiquei bem mais animada!

Brasileiro na Alemanha
Depois da aula, fui ligar pra Sonja para nos encontrarmos para almocar e quando estávamos na fila do orelhao, o cara da frente virou e perguntou ‘ vem cá, você é brasileira?’!!!!! Huhuhu! Fiquei impressionada! ‘Sou! Mas como é que você sabia?’. ‘Ah, você tem o maior jeitao de brasileira!’. Tomei isso como um elogio, mas nao me convenceu porque eu estava parada na fila do orelhao, toda empacotada... nao dá pra ver o ‘jeitao’ de uma pessoa nessas condicoes. E eu podia ser venezuelana, ou paquistanesa, ou qualquer coisa! Sinceramente, é impossível dizer quem tem cara de que aqui, minha gente! Tem muita gente de muito lugar diferente! Eu mesma nunca adivinharia que ele era brasileiro. Sabia que alemao ele nao era, mas de onde era, impossível dizer. Efim... Nao consegui falar com Sonja (cel desligado) e fiquei conversando com ele. Cearense de Fortaleza ha oito anos na alemanha. Concluí que depois de oito anos fora do seu país você desenvolve mais seu faro e sua intuicao pra encontrar conterrâneos. Mas foi legal :)

Encontro frustrado e Pastor gaúcho
No fim da tarde, tinha um encontro com o Prof. Eichner (o de sociologia) para definir a situacao do emprego na universidade (Uni-Job). Quando estava chegando, 5 minutos mais cedo do combinado, passou correndo uma criatura alta e entrou na sala do professor sem bater na porta. Eu calmamente me sentei na cadeira do lado da porta e esperei... estava cinco minutos adiantada de qualquer jeito. Esperei cinco, dez, vinte. Meia hora depois, resolvi pater na porta toda sem jeito pra perguntar se era melhor remarcar, e o professor prontamente me mandou entrar e sentar na cadeira ao lado da do homem altao. Descobri assim que ele era o pastor gaúcho de quem o Prof. Eichner tinha me falado, que está fazendo doutorado aqui, em sociologia, como fruto de um trabalho que ele realizou na Pastoral da Terra. O professor nos apresentou, remarcou nosso encontro para o dia seguinte e eu e o pastor fomos tomar um café e conversar um pouco. Uma pessoa muito simpática, apesar de visivelmente estressado – o que um doutorado pode fazer com uma pessoa. Está aqui há cinco anos com mulher e duas filhas e fica até novembro. Combinei de visitá-los. Foi bem legal :).

Mudanca
Voltei pra casa de Helge às 8. Às 9, Harald (pai) veio me buscar. Minhas malas já estavam prontas desde cedo de manha. Eis que fui embora de Hamburgo para Buchholz, uma cidadezinha 30 km ao sul. Fui entusiasmada com a pesrpectiva de algo mais definitivo :) Como era noite, nao pude ver muito bem as coisas, mas notei que era longe, que era numa zona mais de campo (a essa altura nao pude ver as ovelhas e cavalos pastando nos campos das redondezas!!!!) e que a casa era linda :) Cheguei bem feliz.