sexta-feira, outubro 22

Noticias atrasadas



Ausência
Oi, pessoal! :) Desculpem a demora. Esses dias foram mesmo um pouco apertados. Soma-se a isso o fato de estar usando o computador "dos outros", o que traz, por mais maravilhosos que sejam os anfitrioes, alguns limites. O tempo que eu tinha pra escrever era sempre bem tarde da noite, e eu acabei deixando sempre "pra amanha". Tenho ainda de dar a má notícia que, depois que eu for embora aqui da casa de Helge, nao terei mais computador "em casa", e terei que usar os da universidade. Mas é só me organizar que dá... só a frequencia nao vai poder ser como a do comecinho. Mas enfim...

Aqui vai tudo bem! Constatem:



Sol e passeios
Nos últimos dias, tem feito sol. Isso nao esquenta o dia, mas, de todo jeito, o torna mais bonito :) Venta muito mesmo aqui, como se o outono tivesse pressa que as folhas das árvores caíssem logo pra o inverno poder chegar. As árvores no entanto resistem, e muitas permanecem totalmente verdinhas. Sonja notou e comentou que é um pouco estranho haver tanto verde esta época do ano. "É que o outono esperou por mim", confidenciei a ela :) Por causa do bom tempo, fui passear ontem e hoje com Claudia e Jonna. Ontem andamos um pouco em direcao à parte antiga da cidade, e chegamos até o rio, lindíssimo! Há muito verde nas margens... patos selvagens nadando... ficamos um tempo por lá - nao numa ponte, mas num pier que entrava um pouquinho no rio largo. Jonna ficou muito feliz com os patos :) Eu também. Nem os pobres e duros caranguejos aguentam mais nossos rios no Recife, que dirá os patos. Hoje escolhemos outro roteiro - demos uma volta num parque aqui perto, de gramado, árvores imponentes e pessoas passeando com seus cachorros. Já comentei que tem cachorros por toda parte aqui, né?


Esbocos de sociabilidade
Quarta-feira à noite fui com Sonja a um encontro do PIASTA-Programa para a integracao de estudantes estrangeiros da universidade. Chegando lá, era um lugar legal com uns sofás, um balcao tipo bar, umas 30 pessoas, comida e bebidal legal (a famosa BL - boca livre :p) ... Logo que chegamos, umas pessoas com crachazinho vieram perguntar de que país éramos e o que estudávamos. Conversamos um pouco. Depois teve uma dinâmica de grupo pra todo mundo se conhecer - frustracao: ninguém do Brasil! Nem tampouco da America Latina! Tinha da China, Bulgária, Rússia, Polonia, Maldávia (!), Grécia, Jorndânia, do Marrocos... esses sao alguns exemplos que eu lembro :) legal, né? Aí fomos nos enturmando aos pouquinhos. Conversei bastante com uma menina da Grécia que faz medicina e um cara da Polonia que faz economia. Tinha também o cara da Jordania que fazia biologia molecular, era islâmico mas participava do grupo evangélico de estudantes e conhecia o grupo bahá'i. Ele me deu um panfleto do grupo evangelico (ESG - Evangelische Studentengemeinde) e disse que recomendava, que era legal. Entao ontem eu fui pra o jantar internacional que o ESG oferecia. Andei que só a pexte pra achar o lugar. Quando achei, percebi que era tudo bem menor e mais modesto do que eu esperava, o que me fez sentir bem mais confortavel, na verdade :) Encontrei um grupo que integrava indiano, nepalês (?), uns três ou quatro de Camaroes, duas meninas do Iran, uma francesa e mais alguns que nao lembro... Gostei mais do encontro do PIASTA (que acontece, para minha alegria, toda quarta), mas os dois foram um bom exercício de sociabilidade e uma oportunidade interessante de conhecer um pouco mais sobre esses outros mundos que se encontram aqui.


Eficiência (mamae e papai, orgulhem-se ;p )

Quinta-feira resolvi sozinha quase todas as minhas pendencias burocráticas! Orei bastante na véspera :) Acordei determinada. Fui ao banco (Deutsche Bank) e abri minha conta (gracas a Deus o atendente fala ingles, e muito bem, por sinal). Depois passei num café e comi alguma coisa (passavam das 10 da manha e ainda n tinha comido nada. Estou comendo pouco aqui). Lá pedi umas instrucoes de como chegar ao endereco do plano de saúde que tinha sido indicado pelo Prof. Beyer (o leonino engracado da coordenacao de cooperacao internacional) e, munida do meu mapinha, segui para o lugar que felizmente poderia ser alcancado a pé mesmo! Lá um determinado homem que também tinha sido indicacao do Prof. Beyer me atendeu (nao falava ingles, mas era muito simpatico e engracado, mais ainda que o próprio Prof. Beyer!!). Deu tudo certo, e ao meio dia eu já me sentia muitíssimo orgulhosa de mim mesma! Eu precisava da conta corrente para fazer o plano de saúde, e precisava do plano de saúde para validar o visto e a matrícula na universidade. No meio tempo, fui passear com Claudia e Jonna. Às 14h, fui orgulhosíssima ao escritório do Prof. Beyer entregar o comprovante do plano de saúde.

Missoes cumpridas, segui para mais uma: encontrar-me com o Prof. Eichner (o bem legal de sociologia) e conversar sobre o trabalho na universidade. Ao encontrá-lo na sua sala, ele me convidou para tomarmos um café porque ele ainda nao tinha tido tempo de comer nada (pense que ele trabalha!). Ganhei um ótimo café com leite (que aqui eles servem numa tigela enorme, parecendo sopa japonesa) e uma conversa agradável. Discutimos sobre o trabalho e devemos fechar contrato terca-feira próxima. É um trabalho mecânico, talvez até um pouco chato, mas que se situa dentro de um projeto grande e muito interessante: uma pesquisa que ele realizou sobre a configuracao da família em Hamburgo. O projeto será entregue ao governo do estado no início do ano que vem. Talvez hajam parcerias com entidades brasileiras para o desenvolvimento de projetos semelhantes, e ele falou que eu poderia também ajudar em alguma coisa assim que algo concreto surgisse, o que daria tempo também de meu alemao melhorar :) Por enquanto, vou organizar uns dados no computador, unir alguns arquivos, essas coisas bem copy-paste. Coisa fácil, se a pesquisa nao tivesse cerca de 400 variáveis de sei lá quantos milhares de habitantes. Enfim. Nao será um trabalho pelo qual receberei uma quantia x mensal (o que seria legal); receberei um montante x ao fim da tarefa que devo realizar, o que deve ser em dezembro. De qualquer forma, é um comeco, e fiquei bem feliz de ser parte, de alguma forma, de um projeto tao legal. Esse foi meu dia de quinta-feira de 100% de aproveitamento :)

Preguicinha
Hoje passei o dia em casa, exceto pelo passeio com Jonna e Claudia. Nao terei aulas nas sextas-feiras. Acordei tarde, brinquei com Jonna, passeamos, conversei bastante com Claudia, conheci os pais dela que vieram nos visitar e, à noite, saí para comprar pao e outras coisinhas para o jantar. Foi um dia tranquilo e legal. Até cheguei a ligar pro brasileiro que encontrei no trem para saber se ele e os outros iriam fazer alguma coisa. Eles iriam, mas sairiam só às 10 da noite pra o aniversário de um cara aí... fiquei com preguica e sem vontade e depois de 15 minutos de crise de consciencia (você precisa fazer amigos!) decidi ficar em casa mesmo. Claudia e eu fizemos caipirinha, ela e Helge foram ver TV enquanto eu vim finalmente para o computador dar notícias pra vocês :)

;)

Notícias e registros atualizados, me despeco com amor, saudade e costas doendo (Harim, meu amor! Sua massagem... ;}) à 1:15 da noite. Pouco depois das 8 pra voces.

terça-feira, outubro 19

Elizeth Gayao de Senna Melo e Silva

Minha mae faz milagres!
Eu sou mesmo uma pessoa que já nasceu com toda sorte do mundo nascendo de dentro dela :)
Mas levanta a pessoa com meia hora de conversa!

Brigada, mae, por ser exatamente como você é!

Te amo muito!!!

Primeira segunda

Ontem foi um dia cheio, como bem esperei. E percebi que nao é só no Brasil que burocracia nao funciona e é um saco. Aqui aquele velho passa-ou-repassa de departamentos e pessoas também aconteceu, enfrentei algumas esperas longas etc. Mas no fim consegui fazer boa parte das coisas que precisava: peguei os programas de jornalismo e de ciencias sociais para escolher minhas cadeiras (aqui os curriculos sao flexibilizados e os próprios alunos montam sua grade. além disso, eu posso pagar cadeiras de quase todos os cursos sem grandes complicacoes); peguei meu comprovante de matricula oficial, e para isso conheci o Prof. Beyer pessoalmente - ele foi o encarregado pela minha matricula e documentacao - uma pessoa ótima, muito alegre e espontanea, que valeria um post inteiro só que agora nao dá tempo; conheci a universidade, a cantina, e decidi que a máquina digital é mesmo uma urgencia; enfim, foi um dia muito bom.

Hoje tenho o desafio de abrir uma conta no banco para poder fazer um plano de saude e dar continuidade na minha regularizacao burocrática aqui. Vou também olhar o programa de linguistica e germanistica - quero fazer uns cursos lá. Nao tenho muito tempo mais, preciso ir. Beijos beijos!

Carol

domingo, outubro 17

Claudia e Jonna

Conheci hoje a esposa e a filhinha de Helge, irmao de Hille, que está me hospedando e me hospedará até domingo, quando me mudo para a casa dos pais de Hille - Harald e Hannelore -, que chegaram do Brasil hoje. Gostei de Claudia, a esposa, no momento em que a vi. Foi na igreja, que é do lado da casa deles. Ela estava voltando de uma visita aos pais dela, em Kiel, uma hora ao norte de Hamburgo. Tinha Jonna (se fala iô-na) pendurada na cintura, sorrindo feliz da vida. Jonna é uma crianca muito feliz. Prestei muita atencao nela o dia inteiro. Ela tem nove meses. Já fica em pé e anda se segurando pelos lugares. Já conversa muito no 'aammeeehnnhaum' dela. E ri muito. Come que é uma beleza. Claudia a deixa quase o tempo todo solta no chao. Hoje à tarde, antes do aeroporto, fomos visitar a bisavó de Jonna, avó de Helge, e mesmo lá, onde há carpete, também Jonna estava sempre no chao, engatinhando, ficando de pé agarrada na mesinha junto à qual tomávamos café :) Mais tarde, no aeroporto, vi uma mulher colocar seu bebe no chao enquanto arrumava as malas no carrinho. E eu que achava que europeus teriam frescura de limpeza! No entanto, estou certa de que Jonna mais ganha do que perde com esse hábito. Conversei bastante com Claudia também, e a boa impressao inicial se cofirmou! Legal, nao é? :)

Ps: Talinha; aqui meu nome soa assim: Ca-rrÓ-L.

Notas gerais

Aaaaaaaaahh!!
Eles estao em toda parte, os malditos sapatos pontudos!!! Eu pensei que finalmente ficaria livre dos scarpins (é assim que se escreve?) mas me enganei redondamente. Aqui também está todo mundo usando. Até eu mesma, em breve; afinal, trouxe duas botas de mainha com bico pontudo. :p

E quem disse que a mulher alema é largadona me enganou! Tem tanta cocota aqui quanto tem no Brasil!

E quem disse que alemao é um povo frio, chato, morgadao e que detesta crianca também está completamente enganado!!!! Hoje fui ao aeroporto buscar os pais de Hille, e - pasmem - estava tao ou mais lotado que o do Recife! Menino correndo de um lado pro outro, muitos bebês. E tinha muita, muita gente mesmo com flores e baloes de hélio para esperar seus familiares e amigos voltarem de viagem. Eu vi ali desmoronarem todos os conceitos pré-fabricados sobre um abstrato 'povo alemao' e pensei 'hahá!! Vou contar pra todo mundo no Recife!! Pelo menos no aeroporto eles sao mais farofeiros do que nós!'. Hihihih :)

E os alemaes também levam seus cachorros pra todo lugar. Tinham quatro hoje só no amontoado de gente que esperava no mesmo portao de desembarque que eu. Os cachorros também andam nos trens e acompanham seus donos que andam de bicicleta.

É notável que há mais idosos aqui do que aí. E uma constatacao interessante é que a grande maioria sao casais - e muito fofos, por sinal. Mas ainda é cedo pra tirar qualquer conclusao disso :)

Aqui tem muitas pessoas com um hábito interessante: beber 'outside'. Nas minhas já várias andancas de metrô, especialmente ontem no início da noite, vi muitos grupinhos de amigos na estacao bebendo, pessoas entrando no trem com garrafas na mao - de cerveja, de redbull -, alguns grupos cantaram no trem, outros gritaram pra cumprimentar pessoas do outro lado do trilho. Foi engracado. No Brasil raramente se bebe andando e passeando por aí, à excecao do Carnaval - ou estou enganada? :)

Hoje fui a uma igreja evanglélica - a primeira igreja batista de Hamburgo, que agora se chama mais ou menos 'comunidade evangélica independente'. Me arrumei direitinho, né? Pra que?
Encontrei algo diferente do que esperava - uma igreja pequenina, com uns vinte jovens e os demais idosos, pouquissimos adultos. É cedo para tirar qualquer conclusao disso também, mas uma coisa já posso dizer: a música sacra tinha que ser mesmo européia, e circula no sangue deles. Explico:

Nessa igreja pequenina, ouvi um coro pequenino cantar. Impressionante: belíssimo! Nao sei...
O timbre das vozes é simplesmente perfeito para a melodia, combina com a sonoridade da língua, tudo se encaixa. Tanto é que um coro modesto de uma igreja pequena aqui é mais bonito que coros grandes, bem ensaiados e paramentados que ouvi em igrejas batistas aih no Brasil, cantando traducoes dos mesmos hinos.

sábado, outubro 16

Amiga, trens e folhas no outono.

Hoje acordei nem sei que horas e fiquei organizando minhas coisas por um longo tempo, como se quisesse me organizar por dentro. Acordei muito dolorida e com torcicolo devido ao desconforto da viagem, o que os alemaes chamam de "ressaca muscular" :) Tomei café às duas da tarde, liguei pra Sonja e fui encontrar-me com ela!!! Para isso, fui sozinha para a estacao, comprei passagem, peguei o trem, troquei de trem e cheguei até lá! E nem me perdi! :)

Encontrar com ela foi maravilhoso! Conversamos muito e matamos as saudades. Pomos em dia as novidades - pelo menos do meu lado. Conversamos em português. Pra quem nao sabe, Sonja é a menina que hospedei por um mes e meio no fim no ano passado. Ganhei dela um amuleto: um pingente de vidro com meu nome dentro, que ela comprou em Lisboa, onde esteve todo o semestre passado. A tarde foi ótima e me sinto muito privilegiada de tê-la aqui!

No caminho de trem, na ida e na volta, observei que realmente há muito verde em Hamburgo e redondezas. As casas têm jardins belissimos e há como que verdadeiros bosques por toda a parte. As folhas avermelhadas nas árvores e pelo chao me dao o sabor de outono, o que nunca experimentei antes. Faz frio pra mim, mas nao pra as pessoas por aqui. Dizem: ainda nao, espere que o frio de verdade já vem. Pra mim já é bem frio.

Encontrei um rapaz brasileiro no trem hoje. Ele tinha uma jaqueta que dizia Rio de Janeiro. A sensacao que tenho é que há tantos estrangeiros quanto há alemaes nesta cidade. Por todo lado escuto pessoas falando línguas diferentes, e lendo coisas com caligrafias estranhas. Talvez minha percepcao esteja sensível a isso e por isso capte tanto. Mas efetivamente há muitos estrangeiros em Hamburgo.

Agora é tarde :) Gutte Nacht.

Ps: Muito obrigada pela presenca - comentários, e-mails. Cada um em particular é muito importante pra mim.

Adriano, meu amor, eu também nunca vou esquecer de você! Isso é impossível! Te amo muito!! Nao se preocupe que suas chatices nao diminuem um centímetro do meu amor por voce, viu??? Hehehehe! Além disso, você é muito mais lindo do que chato. Beijo! :)

sexta-feira, outubro 15

Viagem

PARTIDA DE RECIFE
Finalmente chegou o dia. Depois de uma história maluca para conseguir a passagem - que será contada em outro post - fui para o aeroporto às 5 da tarde. Sairia por volta das 7:30. Estava eufórica. Pessoas muito especiais foram me ver. Só perto de cruzar o portao de embarque, olhando para Harim, a tristeza rompeu a cortina de excitacao, e doeu entrar naquela sala reservada. Por vários momentos, quase levantei do assento em que estava e corri de volta para abracar as pessoas que amo. Mas ao invés disso, permaneci estática, chorando. Depois de uma eternidade, a fila comecou a se formar. Entrei no aviao. Antes que percebesse, estava sendo arrebaqtada - é essa a sensacao que a velocidade da decolada traz, e apenas fechei os olhos e me deliciei com a sensacao de estar sendo levada. É isso que está acontecendo: estou sendo levada. Minha vida nao é minha, e sim dAquele a quem a entreguei ainda muito muito pequena. Entao aceitei, apenas fiquei quieta e parti. Logo vi minha cidade através da janela. Nunca me senti tao bairrista na vida, meu Recife, meu lugar, me espere que volto logo.

RECIFE-LISBOA e LISBOA-FRANKFURT

Ganhei a cadeira 29 J. J de Janela. 29 de a última fileira do aviao. Foi a do lado direito. Um senhor sentou-se ao meu lado. Era simpático e gracas a Deus nao puxou assunto. Mas impossibilitou que eu me deitasse e descansasse. O voo foi desconfortável, mas passou rápido, apesar de ter durado 7 horas. Fiz embarque quase imediato em Lisboa - é que errei o portao. Fui ao 19 em lugar do 09. Mas deu tempo de remediar tranquilo. O voo de Lisboa a Frankfurt durou apenas 2h45, mas pareceu uma eternidade. Nele até pude me deitar e descansar, mas tive a sensacao de que nao chegava nunca. Cheguei; segui o tempo inteiro uma mulher com casaco do Brasil que eu tinha visto embarcar no Recife. Ela estava com o marido alemao. Me ajudaram e até pagaram minha ligacao para o irmao de Hille, que iria me buscar em Hamburgo. Depois da ajuda desses dois anjos, segui para a estacao de trem.

FRANKFURT-HAMBURGO
Tinha duas bagagens enormes, pesadas e difíceis de carregar, além de uma mochila muito pesada nas costas, com dois guarda-chuvas e um cachorrinho de pelucia presos a ela. Mal podia me mover. Ao tentar entrar no onibus, derrubei uns papeis numa poca d´água. Estou igualzinha à Chihiro, no comeco de seu desafio, constatei, e me senti confortada com a comparacao. Apanhei as coisas e ainda consegui entrar no onibus que me levaria à estacao de trem. O motorista foi um doce, e apesar de ter um alemao incompreensível, me ajudou muito, tirou minhas bagagens do onibus pra mim e me ensinou aonde ir. Peguei o trem das 2:42 para Hamburgo.

Movendo as bagagens, me sentia realmente desastrada e inconveniente. Assim que entrei no trem carregando aquilo tudo, me enfiei na primeira cabinezinha de vidro que encontrei. Lá dentro um rapaz colocou minhas malas no bagageiro acima das cadeiras :) . Na estacao seguinte, tres pessoas entraram na cabine. A última, uma senhora que parecia uma bruxa boazinha, entrou mesmo sem haver lugar para ela. Quando alguem perguntou ´a senhora quer entrar?´ ela respondeu ´sim, quero minha cadeira´. Lentamente percebi o que se passava. Perguntei se alguém falava ingles e expliquei que nao sabia que os assentos eram reservados. Eles eram, e eu deveria ir em pé. Tudo bem. Levantei e saí da cabine, pedindo apenas para manter minhas malas ali. Quatro horas até Hamburgo nessas condicoes seriam dificeis, mas enfim. Só que um lugar ficou vago, e duas paradas depois a reserva expirava. Aí as pessoas de dentro da cabine fizeram questao de me avisar que o assento estava vago e eu poderia ocupá-lo :) Me senti extremamente abencoada nesse momento, e percebi o cuidado comigo desde a mulher brasileira do aeroporto, o motorista doonibus, o jovem que instalou minhas malas pesadas no trem e as pessoas que ocuparam a cabine - nada era hostil a mim, apesar de ser desastrada como Chihiro :)

A viagem de trem foi longa, mas muito agradável. A paisagem era belissima e me senti na terra média :) Todas as cidades que cruzei tinham muito verde e cortavam colinas de uma beleza impressionante. Desejei que as cidades no Brasil fossem mais cortadas pela natureza e admirei os alemaes por construirem suas cidades dessa forma. No aviao, já tinha constatado que frankfurt, por exemplo, que é um grande centro urbano, é extremamente espalhado e bem distribuído - há agrupamentos de casas e construcoes, cercados por gramados e terras cultivadas, cercadas, por sua vez, por vastos bosques. A cidade inteira é composta por essas unidades, e campo e cidade se misturam.

HAMBURGO

Peguei no sono. Acordei em cima da hora de descer, meio atordoada. Novamente um senhor da cabine retirou minhas malas do bagageiro (o que eu nem poderia ter feito sozinha, mas nem precisei pedir ajuda). Desci do trem ainda meio incerta, até que constatei estar no lugar certo - Hamburg Hauptbahnhof. Agora era só encontrar Helge. Bem, isso nao aconteceu antes de se passarem 40 minutos de espera. Liguei para mainha no Recife, que ligou pra Hille em belém do pará para pegar o celular de Helge - eu tinha apenas o numero da casa dele, ao qual ninguem atendia. Foi assim que finalmente o contactei e nos encontramos. Pegamos um metro, depois um onibus para sua casa. Foi rapidinho. Aqui, ganhei um quarto, tomei um bom banho e um spaghetti preparado por ele, regado a vinho tinto (eita, mae.. só lembrei de tu. O vinho era muito bom). Tivemos uma conversa agradável sobre idiomas e viagens, e assistimos um pouco de TV, ele me ajudando a entender. Ele é casado e tem uma filhinha, mas a esposa e a pequena estao passando o fim de semana com os sogros dele, em Kiel. Depois do jantar, aqui estou :) E já preciso dormir; meu corpo inteiro está dolorido.

Na vinda para a casa de Helge, avistei o prédio principal da universidade :) Fiquei feliz. O sofrimento de partir e deixar as pessoas que amo deu lugar a uma serenidade de estar seguindo o curso de minha vida como ele deve ser, e a certeya de que é o melhor para mim que estásendo tracado. Isso se confirma a cada momento, como tentei descrever aqui. Sinto que nao estou perdendo nada (mesmo ainda tendo medo de perder Hamrim), e sim construindo possibilidades para que novos sonhos se realizem, como este está se realizando. E, como Chihiro, logo encontrarei minha própria habilidade e a capacidade de vencer com destreza as tarefas que me sao direcionadas. Quem nao vio o filme, veja. Quem já viu, talvez agora entenda melhor porque o amo tanto - ele representa o desafio de assumir a propria vida em um mundo ainda totalmente desconhecido, sem a protecao dos pais, atravessando dificuldades e inabilidades, e tendo ainda o desafio de nao esquecer o próprio nome.

Ana Carolina de Senna Melo e Silva

quinta-feira, outubro 14

Tschuss!

Hoje começa meu diário de bordo.
Partirei do Recife às 14:30, para enfrentar uma verdadeira maratona: vou para São Paulo; de lá, para Dallas (USA); depois, para Frankfurt; e, finalmente, Hamburgo. Nem sei ao certo quantas horas isso totaliza. Depois conto tudo como foi. No momento, estou tranquila - e até demais - aqui escrevendo. Tenho ainda coisas para arrumar. Certamente minha mala vai exceder o limite de peso, que por sinal é ridículamente pequeno (1 única mala de 20 kg).

Que eu tenha uma boa viagem (adoro voar.. ainda bem, pq serão muuuitas horas) e até logo.

.:ah, reparem nas mudanças por aqui... tudo novo ;) Em breve ajeito também os comments e o fotolog. Leiam, comentem... :)