terça-feira, dezembro 12

colagem

[PAUSA LONGA]

[OLHOS INQUIETOS]

[GRITANDO]
Eu queria uma materialidade para a minha morte.
[VOZ EMBARGADA]

Uma prova cabal. Não estou falando de explicação, motivo. Falo de uma consciência que é tão líquida que preenche todos os espaços do corpo.

[OLHOS MAREJADOS]
Uma certeza sentida, experienciada.

[RESPIRA FUNDO]
A gente se acostumou a colocar nossas verdades no lugar de abstrações. Amor é enzima, medo é trauma, relaxamento é analgésico, vontade é meta com planilha. E agora nada disso me serve. Quero a aparência dos sentidos, a ilusão do que eu posso ver e ter em mim.
Os pés estavam coloridos de vermelho no dia em que eu morri. Os cabelos crescidos, os peitos minando leite. A barriga muito quente, as mãos frias. A textura da pele imediatamente ficou esponjosa, não reconheci os pêlos do meu corpo.

[CALMA]
Fiz um chá de camomila bem forte, derramei na bacia de metal e enfiei meus pés dentro.

[DESESPERO]
Infusão dessa tristeza calma e mansa que me coabita desde não sei quando. Não é nada de agora. Os dedos tocando a água quente e eu sentindo arrepio nos pés. Nas panturrilhas, nas coxas. Costas e nuca. No couro cabeludo. Meus ombros se fecharam em curva e eu acho que sorri sem nem saber.


Vontade de pensar que o passado já havia começado, que eu era só um nome num documento. Every time we say goodbye saía de uma janela. Apertei os olhos e nenhuma gota escorreu. Quis poder chorar, mas achei que devia ser melhor estar ereta. Não sabia o que viria, nem se viria.

colagem da poesia de Júlia Rebouças

terça-feira, agosto 29


o amor é lindo, ô-ô
lararirarara, ô-ô
;)

sexta-feira, julho 7

ah, a felicidade

Menina, amanhã de manhã
quando a gente acordar
quero te dizer que a felicidade vai
desabar sobre os homens vai
desabar sobre os homens vai
desabar sobre os homens

Menina, ela mete medo
menina, ela fecha a roda
menina, não tem saída
de cima, de banda ou de lado.
Menina, olhe pra frente
Oh! menina, todo cuidado,
não queira dormir no ponto,
segura o jogo, atenção.(De manhã)

Menina, a felicidade é cheia de praça, é cheia de traça, é cheia de lata, é cheia de graça.
Menina, a felicidade é cheia de pano, é cheia de peno, é cheia de sino, é cheia de sono.
Menina, a felicidade é cheia de ano, é cheia de Eno, é cheia de hino, é cheia de ONU.
Menina, a felicidade é cheia de an é cheia de en é cheia de in é cheia de on.
Menina a felicidade é cheia de a é cheia de e é cheia de ié cheia de o
Menina a felicidade é cheia de a é cheia de e é cheia de i é cheia de o é cheia de a é cheia de e é cheia de i cheia de acheia de e cheia de i cheia de o

sexta-feira, junho 9

gelo


vi o cadáver.
ele andava de branco e enviava mensagens do além ao meu celular.

o gelo do corpo se espalhou por mim.
apesar de eu insistir: não fui eu quem morreu dessa vez,

não existe corpo, nem suor, nem sexo.
não há homens nem mulheres. não há sangue.

apenas as coisas permanecem, insípidas,
numa mononia azul.


quarta-feira, maio 3

água




Num belo dia de outono na Grécia, as pessoas deixaram de prestar culto regular a deusa da divina beleza Afrodite.
Abandonaram seu santuário para admirar a extraordinária formosura de uma simples mortal: Psiquê (alma).
Menosprezada pelos homens, que preferiam homenagear uma beldade humana, Afrodite teve um acesso de raiva.
E para vingar-se, pede a seu filho Eros (amor) que use suas flechas encantadas e faça Psiquê apaixonar-se pela criatura mais desprezível do mundo.
Eros parte para cumprir sua missão.
Mas a beleza de Psiquê era tão grande, que ao vê-la, Eros distrai-se e fere-se com uma de suas próprias flechas.
Vítima do encantamento em que enredava deuses e mortais, o deus feriu-se de amor.
Apaixonado, nada disse à sua mãe; apenas limita-se a convencê-la de que finalmente estava livre da rival. Ao mesmo tempo que oculta seu sentimento, torna Psiquê inatingível aos mortais terrenos.
Embora todos os homens a admirem, nenhum por ela se apaixona, e apesar de infinitamente menos belas, suas irmãs logo se casam com reis. Psiquê, amada por Eros sem que o saiba, a ninguém ama.
E porque é uma beleza humana cobiçada por um deus, permanece só.
A solidão de Psiquê preocupou tanto seus pais, que foram então consultar o oráculo de Apolo, afim de buscar auxílio.
Entretanto Eros já havia tornado Apolo seu aliado em sua conquista amorosa.
Assim para ajudar Eros, Apolo ordenou aos pais da princesa que a vestisse em trajes nupciais, que do alto de determinada colina uma serpente alada e medonha, mais forte que os próprios deuses, iria torná-la mulher.
Embora a revelação do oráculo fosse terrível, o rei e a rainha nada mais poderiam fazer senão cumprir o que fora determinado.
Deixaram-na sozinha na colina, aguardando corajosamente seu triste destino.
Mas a espera é tão longa que Psiquê logo adormece.
E até ela chega a suave brisa de Zéfiro, que a transporta para uma planície coberta de flores.
Perto correm as águas claras de um regato e mais adiante ergue-se um magnífico castelo. Ao despertar, Psiquê ouve uma voz que a convida a entrar no castelo, banhar-se e depois jantar.
No interior do castelo, não encontra ninguém, mas sente-se como se estivesse sendo observada.
E no jantar doce música a envolve, mas continua só.
No íntimo, porém, pressente que, à noite, chegará o esposo que lhe fora prometido, a terrível serpente alada.
Realmente, ao anoitecer, chega até ela Eros, protegido pela escuridão.
Psiquê não pode ver-lhe o rosto; mas não sente medo, porque seu temor é banido pelas palavras apaixonadas e pelas ardentes carícias do deus.
Durante algum tempo Psiquê entregou-se ao amante velado e mesmo sem ver sua face , dedicava-lhe intenso amor.
Numa de sua visitas noturnas, Eros lhe faz uma advertência: que se precavesse contra uma desgraça que lhe poderia advir por intermédio das irmãs, que pranteavam-na onde fora deixada e do mesmo modo acrescentou, para evitar a desgraça, não deveria ela jamais tentar ver o rosto do amado.
A princesa embora prometesse ambas as coisas, deixou-se arrastar pela tristeza e pela saudade. E tanto chorou e pediu, que Eros consentiu na visita das jovens.
Todavia, esclareceu: reaproximando-se delas, Psiquê estava reatando laços terrenos e constituindo seu próprio sofrimento.
Depois, mais uma vez, fê-la prometer o que era de tudo o mais importante: jamais tentaria ver-lhe o rosto.

No dia seguinte, Zéfiro levou as irmãs de Psiquê ao palácio.
De início foram só as alegrias do reencontro.
Às perguntas das jovens sobre o marido, porém, a princesa respondeu com evasivas. Aos poucos, o sentimento das irmãs em relação a Psiquê foi mudando.
Antes choravam supondo-a infeliz; depois, partiram invejosas de sua felicidade.
E resolveram vingar-se.
Retornando ao castelo por permissão de Eros, dessa vez movidas pela inveja, elas ardilosamente fizeram com que a desconfiança surgisse no coração de Psiquê.

Percebendo por suas contradições que ela não sabia realmente quem era seu marido, como então poderia estar segura de que não era o monstro descrito pelo oráculo de Apolo? E, se era realmente belo o jovem, por que se ocultava nas sombras da noite? Invadida pela dúvida e temor, Psiquê acabou aceitando o conselho maldosamente planejado pelas irmãs: deveria preparar uma lâmpada e uma faca afiada: com a primeira, explicaram as moças, poderia ver o rosto do esposo; com a segunda, matá-lo se fosse o monstro.]
À noite, retorna Eros, ardente e apaixonado como sempre.
Enquanto se entrega ao amor, Psiquê esquece o próprio medo e a dúvida, mas depois, quando Eros adormece, a incerteza volta a invadir-lhe o coração. Silenciosa, apanha a lâmpada e ilumina o rosto do esposo.
E detém-se deslumbrada: não é um monstro, pelo contrário, é o mais belo ser que jamais poderia ter existido.
Arrependida e em êxtase, derruba sem querer uma gota do óleo quente da lâmpada no ombro do amado.
Ele desperta, sobressaltado, e percebe o acontecido.
Com profunda tristeza, Eros vai embora.
E tentando alcançá-lo Psiquê apenas ouve-lhe ao longe na escuridão: "O amor não pode viver com desconfiança."
Eros volta para junto da mãe, pedindo-lhe que cure seu ferimento no ombro.
Mas ao contar o que ocorreu, Afrodite percebe que foi enganada e passa a alimentar apenas um pensamento: encontrar a rival e vingar-se.
Abandonada e em desespero, Psiquê põe-se a percorrer o mundo em busca do amor perdido e de templo em templo pede ajuda dos deuses.
Sem conseguir auxílio, Psiquê vai à presença da própria Afrodite, na esperança de encontrar com ela seu amado Eros.
Mas junto à deusa, encontrou apenas zombaria, e a imposição de uma série de provas humilhantes.
A primeira tarefa consistia em separar, até a noite, imensa quantidade de grãos miúdos de diversas espécies.
Parecia ser impossível cumpri-la no prazo estabelecido.
Mas tão grande era o sofrimento de Psiquê, e tão angustiado seu pranto, que despertou a compaixão de formigas que passavam no local.
Elas rapidamente separaram os grãos por espécies, juntando-os em vários montículos.
A primeira tarefa estava cumprida, o que deixou Afrodite ainda mais irritada.
Ordenou-lhe que dormisse doravante no chão, alimentando-se apenas de alguns pães secos.
Esperava assim acabar com a beleza que lhe arruinara os cultos.
A segunda tarefa veio no dia seguinte: deveria ir a um vale cortado por um regato e lá tosquiar os terríveis carneiros do sol que pastavam.
A lã desses carneiros era de ouro, e um pouco dela a caprichosa Afrodite desejava para si.
Quando já estava exausta de tanto andar e a ponto de suicidar-se, nesse instante de hesitação entre a procura e a morte, Psiquê ouviu uma voz vinda dos caniços à beira do regato: "Não era necessário enfrentar os terríveis carneiros para tentar tosquiá-los, disse a voz; bastava esperar que eles saíssem das touceiras de arbustos espinhosos, quando fosse beber água: nos espinhos ficariam presos alguns fios de lã que poderiam ser facilmente apanhados."
Não satisfeita por mais uma tarefa cumprida, Afrodite incumbiu-a de uma terceira tarefa e ainda mais complicada: teria de subir a cascata que provinha da nascente do rio Estige e trazer à deusa um frasco contendo um pouco daquela água escura.
As pedras que davam acesso à cascata eram íngremes e escorregadias, e a queda da água era extremamente violenta.
Impossível satisfazer a exigência de Afrodite. Só se pudesse voar Psiquê realizaria a tarefa.
Estava já disposta a desistir, quando surgiu uma águia, que lhe tirou o frasco da mão, voou até a fonte e apanhou uma porção do líquido negro.
A água do Estige, porém, não saciou em Afrodite a sede de vingança.
Psiquê deveria ainda executar uma Quarta e difícil tarefa: ir ao Hades, persuadir Perséfone a colocar numa caixa um pouco de sua beleza.
Como pretexto, diria à rainha dos Infernos que Afrodite precisava dessa beleza para recuperar-se das longas vigílias à cabeceira do filho doente.
Psiquê partiu, procurando o caminho dos Infernos.
Já havia andado muito e sentia-se perdida, quando uma torre , apiedada de sua aflição, ofereceu-se para ajudá-la.
Minuciosamente descreveu-lhe todo o itinerário que levava ao reino de Perséfone, mas lhe fez um alerta: "você encontrará pessoas patéticas que lhe pedirão ajuda, e por três vezes terá que escurecer seu coração à compaixão, ignorar seus apelos e continuar.
Se não o fizer, permanecerá para sempre no mundo das trevas.
Psiquê fez tudo o que lhe indicou a torre, e assim conseguiu chegar à presença de Perséfone.
Solícita, a rainha dos mortos atendeu ao pedido da jovem e entregou-lhe a caixa solicitada por Afrodite.
Sendo instruída quanto ao caminho de volta, o retorno ficara mais fácil para Psiquê, mas estava longe ainda a hora de recuperar o amor.
A próxima prova por que passaria Psiquê não lhe foi imposta pelo ciúme de Afrodite, mas por sua própria vaidade.
Temendo que tantas atribulações a tivessem tornado feia, não queria perder o amor de Eros.
A tentação foi grande.
E Psiquê não resistiu: no meio do caminho, abriu a caixa.
Para sua surpresa nada encontrou. Mas tamanho sono a tomou, que ali mesmo caiu, adormecida, como se estivesse banhada pela beleza da morte.
Enquanto dormia, Eros, curado de sua ferida, abandonava a mansão materna em busca da amada.
Vagou por toda a parte, até que finalmente a encontrou deitada ao relento.
Aprisionou o sono que pesadamente lhe cerrava os olhos e recolocou-o na caixa.
Em seguida despertou-a docilmente com a ponta de uma de suas flechas.
Com grande meiguice chamou sua atenção pela curiosidade que a fizera abrir a caixa.
Depois mandou-a entregar a encomenda a Afrodite, como se nada tivesse acontecido.
Terminadas as provações de Psiquê, que recuperara o amor.
Para que nada mais acontecesse à amada, Eros dirigiu-se ao Olimpo para pedir a Zeus que o unisse em casamento à bela jovem.
Mas para atendê-lo era necessário que a princesa recebesse o dom da imortalidade.
Hermes foi buscar Psiquê e levou-a à presença dos deuses.
O próprio Zeus deu-lhe de beber a ambrosia, que lhe conferiu a imortalidade.
Depois declarou-a oficialmente esposa de Eros.
Impotente tornara-se o ciúme de Afrodite.
Psiquê agora era imortal e estava unida para sempre a Eros.
Nada mais podia separá-los.
Dessa união nasceu Volúpia.

terça-feira, abril 25

ventania




tem canções que preenchem espaços vazios, trazem imagens e conferem sentido aos pequenos caos de todos nós: tão importantes e graves pequeninos caos de todos nós. e júlia maia rebouças tem sempre essas canções certinhas de presente pras pessoas.





...

Vamos começar
Colocando um ponto final
Pelo menos já é um sinal
De que tudo na vida tem fim

Vamos acordar
Hoje tem um sol diferente no céu
Gargalhando no seu carrossel
Gritando nada é tão triste assim

É tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos

Vamos celebrar
Nossa própria maneira de ser
Essa luz que acabou de nascer
Quando aquela de trás apagou

E vamos terminar
Inventando uma nova canção
Nem que seja uma outra versão
Pra tentar entender que acabou

Mas é tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos

Moska

segunda-feira, março 27

terça-feira, março 21

meu passado e meu futuro

em contraponto ao post anterior







fui
sou
e ainda serei
tantas.





minha mãe hoje encontrou três fios longos e brancos de cabelo em minha cabeça.
é 21 de março e tenho 21 anos.

quinta-feira, março 16

instante

És apenas o viajante de agora, com tua face de agora, tua boca de agora, teus ouvidos de agora, tuas roupas de agora, as que vestes agora, a mochila de agora, com as coisas que escolheste para agora, neste agora em que todos te vêem, ouvem, apreendem, esse tu que és agora, pois não te sabem da infância, não tens pai, nem mãe, nem irmãos, não brincavas com amigos na rua e nunca foste à escola, pois não te sabem da juventude, nunca deste o primeiro beijo, não foste a matinês e não tiveste teus porquês, pois não te sabem das influências, dos sonhos antigos, das velhas lágrimas e dos tenros sorrisos, pois não te sabem do antes, antes de tua chegada, em que estrada nasceste, em quais rios entre vales te banhaste, que colinas ganhaste, que montanhas escalaste, em que planícies e planaltos repousaste, em quais mares e oceanos mergulhaste, em que areias, enfim, chegaste, e tua sina é sê-lo assim, em cada novo lugar reconstituir a vida desde o primeiro sopro para que tu mesmo não esqueças de ti próprio, para que a tua mais profunda identidade não se deixe dissipar pelo tudo entorno, para que o teu saber-te não se perca pelo saber-te alheio, e seguir viagem sempre o mesmo em ti, sempre um novo, um outro, aos outros, até que decidas ficar, o que pode acontecer agora, aqui ou acolá, até que aceites que digam que te conhecem mesmo com parca visão efêmera, do agora, até que vivas em plena visão, do sempre.

André Kano

quarta-feira, março 8

pero si una mujer...



Madre preciosa, ruega por ella
Madre Hermosa, ruega por ella
Madre cariñosa, ruega por ella
Madre misericordiosa, ruega por ella

segunda-feira, março 6

a mulher que desistiu de grandes heroísmos

(ou a mulher que escolheu novos grandes heroísmos)


quase sorrindo, quase chorando, ela cantou,
toda bonita,
quase pra ele, quase pra si:


Eu não quero este poder
Toma ele pra você
Eu só quero cantar, gozar e
Gastar da vida

Eu só quero um cafuné
Um cobertor de orelha fixo
Neste inverno tão rígido
Fingir que acredito em você

Eu quero enfeitar você

Eu só quero me perder
Eu não quero este poder
Chamar o sapo de príncipe
Comer você de manhã

E quando tudo parecer
Que está quase perdido
Que foi quase esquecido
Que não é mais minha maçã
Eu quero enfeitar você




*Vanessa da Mata









quinta-feira, março 2

a mulher do homem que vendia flores

era funda como um rio são

e seu talento era amar

quarta-feira, fevereiro 15

Dignificada


(La balada de Digna Ochoa)
Lila Downs/Paul Cohen/Armando Villareal

-A todas las mujeres que pelean por la dignidad y el respeto-

Soy una mujer que llora
Soy una mujer que habla
Soy una mujer que da la vida
Soy una mujer que golpea
Soy una mujer espiritu
Soy una mujer que grita*


Hay en la noche un grito y se escucha lejano
Cuentan al sur, es la voz del silencio
En este armario hay un gato encerrado
Porque una mujer, defendió su derecho

De la montaña se escucha la voz de un rayo
Es el relámpago claro de la verdad
En esta vida santa que nadie perdona nada
Pero si una mujer,
Pelea por su dignidad


Ay morena, morenita mía,
No te olvidaré


Te seguí los pasos niña
Hasta llegar a la montaña
Y seguí la ruta de Dios
Que las ánimas acompañan


Virgen Hermosa, ruega por ella
Virgen cariñosa, ruega por ella
Virgen misericordiosa, ruega por ella


*Fragmento de un rezo de la curandera María Sabina de Los hongos alucinantes, de Fernando Benítez.

terça-feira, fevereiro 14

Coque

Andei tanto pelo Coque que pequei um bronze de praia!

Ou será que é porque era Domingo?

sexta-feira, fevereiro 3

feliz

hoje eu vim para o trabalho de bicicleta :)